Com o desejo da elite regional amazônica de incorporar essas terras ao Brasil desencadeou-se os conflitos armados, que resultaram na criação passageira de um “Estado Independente do Acre”, sob o comando espanhol Luís Galvez. Ocorreu também o conflito conhecido como “REVOLUÇÃO ACREANA”, liderado pelo gaúcho Plácido de Castro. O desfecho desta história se deu por intermédio da habilidade diplomática do Ministro das Relações Exteriores BARÃO DO RIO BRANCO, com a anexação do Acre ao Brasil em 1903. Foi a última área a ser incorporada ao território brasileiro. No período colonial, o território que hoje corresponde ao Acre pertencia à Bolívia, e o Peru se considerava pertencente a uma pequena parcela dessa área. A intensa ocupação de brasileiros para desempenhar a atividade extrativista (seringueiros), em busca da matéria prima para obtenção da borracha na área, desencadeou uma série de conflitos entre as autoridades bolivianas e os seringueiros brasileiros. Após vários confrontos armados entre os ocupantes brasileiros e tropas bolivianas, além de assinaturas de alguns acordos referentes à legitimidade desse território, o Brasil, em 1903, a partir da assinatura do Tratado de Petrópolis, adquiriu a região do Acre, mediante o pagamento para a Bolívia de 2 milhões de libras esterlinas. Em 1904, o Acre se tornou definitivamente território federal. Somente em 1962, durante o governo do Presidente João Goulart, é que o Acre foi elevado à condição de estado, esse fato ocorreu em razão da região ter atingido o nível de arrecadação fiscal exigido pela constituição de 1946. As cores da bandeira do Acre são: verde, que representa as matas; amarelo, das riquezas minerais; e o vermelho, como homenagem aos brasileiros mortos durante os confrontos com os bolivianos pela disputa da área. O ajuste das fronteiras com o Peru foi concluído em 1912, quando o Acre já havia sido decretado como Território Federal (decreto 5.188, de 7 de abril de 1904), integrando o Brasil. O Território do Acre permaneceu nessa condição política até a sua elevação a Estado em 1962. O passado dos tempos áureos da borracha ainda está presente nas paisagens acreanas, com muitos seringais espalhados pela exuberante floresta e seus rios sinuosos. A eles se somam as cidades, que passaram a abrigar a maior parte da população do Estado a partir de 1970. Assim como a chegada dos brancos no século XIX desencadeou diversos conflitos com os habitantes indígenas, a chegada da estrada (BR 364) e de incentivos governamentais para a conversão da floresta em grandes projetos empresariais de produção da pecuária (década de 1970), chocou-se com as aspirações de milhares de famílias de posseiros espalhadas pelos antigos seringais. A luta dos seringueiros para manter a floresta em pé e regularizar a situação fundiária das populações remanescentes do ciclo da borracha, projetou lideranças populares e sindicais como as de Wilson Pinheiro E Chico Mendes, ambos cruelmente assassinados. Fruto da luta deste movimento, de sua articulação com os povos indígenas e as organizações nacionais e internacionais, preocupadas com o futuro da floresta amazônica e seus habitantes tradicionais. Em 1989 ocorreram os Projetos de Assentamento Extrativistas (PAE) criados pelo INCRA.
Em 1990, foram criadas as Reservas Extrativistas (RESEX), que são um tipo de assentamento em Unidade de Conservação, sob os cuidados do IBAMA. As RESEX existem atualmente também em outras partes do Brasil, estendendo os seus benefícios a milhares de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores e outras populações que praticam atividades tradicionais e de baixo impacto ambiental. O Acre, centro da Pan-Amazônia, está integrado aos demais estados do Brasil, à Bolívia e ao Peru. Nessa região, num raio de 750 quilômetros, vivem 30 milhões de pessoas de diferentes culturas. Com uma história singular, o Acre representa, desde o século 19, a união da tradição com a modernidade na construção do desenvolvimento humano. Em seus 16 milhões de hectares de floresta tropical, com a maior biodiversidade da terra, vivem 700 mil habitantes, metade dos quais morando na floresta. Dentre eles, 15 mil são índios, donos de 32 reservas indígenas e 14 mil são de diferentes nações, que mantém preservadas as tradições de suas etnias. Comunidades inteiras se organizam a partir da unidade de uma produção familiar que se utiliza dos rios como principal meio de transporte e da própria floresta como fonte alimentar. ”Uma sociedade única de preservação de valores e costumes da “Florestania”, com princípios de respeito ao meio ambiente e a multiplicidade sociocultural. Aqui nasceu o SANTO DAIME, a doutrina da floresta que brotou no seio do seu povo e que utiliza-se da bebida da etnogenia sacramental, conhecida como Ayahuasca, a partir do conhecimento milenar dos povos indígenas. Desde sua ocupação, o Acre chamou a atenção do mundo com a produção da borracha. Quase cem anos depois, Chico Mendes morreu em defesa da floresta e tornou-se símbolo mundial do ambientalismo. A partir do seu legado, o estado se projeta com seus programas de desenvolvimento sustentável, incluindo o turismo com o fortalecimento das iniciativas comunitárias, preserva o meio ambiente e se integra a uma produção industrial de transformação de matéria prima florestal em produtos de exportação. A história do Acre com seus rios amazônicos, a floresta, a proximidade de Cuzco e Macchu Picchu nos Andes, habitados por comunidades herdeiras de conhecimentos originais e milenares, proporcionam uma diversidade turística sem igual. Rio Branco, a capital do estado, onde vivem 350 mil habitantes, que tem como principal característica a hospitalidade.