CULTURA/ARTESANATO – SÃO PAULO

A maior parte das expressões da CULTURA tradicional de São Paulo, tem suas raízes, fundamentalmente, em três grandes vertentes: a portuguesa, a africana e a indígena. Vale lembrar que cada uma das três trouxe influências dos vários grupos sociais e tribos que as formaram. Mesmo a cultura portuguesa, aparentemente tão única, também é fruto da mistura de vários povos da Península Ibérica.
Grande parte das suas manifestações culturais não são exclusiva do Estado de São Paulo, pois também ocorrem em outras regiões do país. A herança da cultura africana é um traço muito forte nas danças típicas realizadas em terras paulistas. Muitas danças são acompanhadas por músicas e cantorias ritmadas por batuques, termo que se refere a qualquer ritmo percussivo.
Além das danças propriamente ditas, existem os folguedos, que são encenações com personagens, acompanhados por danças coreografadas e música – geralmente executados em festas de homenagens a santos ou comemorações religiosas.

Música de viola.
É bastante fácil encontrar violeiros por todo São Paulo. Violas e rabecas, sempre associadas, existem em grande número em todo o Litoral Sul e Vale do Ribeira. Com certa peculiaridade, são fabricadas na própria região. Companheira fiel das horas de folga das caiçaras, para quem a viola, portadora de seus sentimentos, fala receber na região o nome de viola branca pela cor da madeira de que é feita, a cacheta. É a própria viola caipira.
Quando querem dizer que o baile será mais de acordo com os usos da terra, dizem que haverá fandango, ou para explicitar mais ainda dizem que haverá baile de viola. São confeccionadas no mercado municipal de São Paulo, como produto de artesanato. A “Viola inteira” é a maior e mais difícil de ser encontrada, A “Três quartos” (que equivale a 3/4 da viola inteira), são fáceis de serem encontradas. A “Meia viola”, são ainda mais fácil de ser encontrada e portanto a mais procurada. O Machete ou Machetão (viola pequena, também chamada de viulinha), são as mais raras.
ARTESANATO
É o artefato que apresenta mais de 80% de trabalho das mãos do artesão. Artesanato é diferente de trabalho manual. Com ou sem auxílio de instrumentos rudimentares, na transformação de matéria-prima bruta, – normalmente comum em sua região de origem -, em produto acabado e com reflexos claros da cultura local. Por sua vez, o trabalho manual é aquele que tem, no mínimo, 60% de trabalho manual aplicado à peça e reproduzido a partir de fórmulas e receitas de domínio público, com materiais geralmente industrializados, sem traços culturais peculiares e que, justamente por isso são mais fáceis de serem encontrados, tais como crochê, tricô, bordado, etc.
Outro conceito, é o da arte popular, que é a manifestação pessoal de artistas do povo, sem instrução acadêmica, que exprimem sua realidade e sua imaginação em peças decorativas únicas. Então, quando queremos falar sobre o artesanato ou arte popular típicos de São Paulo, devemos pensar nas expressões mais tradicionais e genuínas do Estado.
Muitas delas também são fruto da mistura entre a cultura do europeu e a do índio. Alguns exemplos são:
CERÂMICA DOS FIGUREIROS DE TAUBATÉ  –  a maior representação artesanal da cidade de Taubaté são os objetos de cerâmica feitos pelos figureiros. A expressão teve origem no século 17, estimulada pelos frades franciscanos do Convento de Santa Clara, com o trabalho de modelagem em BARRO CRU, de pequenas figuras para presépios (desde a Sagrada Família até os animais do estábulo). Com o tempo, os temas começaram a se diversificar e as peças, sempre pequenas, extrapolam o universo religioso, retratando o cotidiano da cidade, os animais e o imaginário popular. Aliás, as figuras de aves de Taubaté são bem célebres, como a galinha-d´angola e o pavão azul, e chegam a ser consideradas símbolos do artesanato.

CROCHÊ DE BARBANTE – A técnica do crochê, no Brasil, foi trazida pelos portugueses e é muito popular. Porém, na cidade de Bananal, o crochê ganhou, como uma característica especial, o uso do barbante como matéria prima. A técnica criada em Bananal é referência em todo o Vale do Paraíba.
TRANÇADO DE TABOA – A cidade de Potim, no Vale do Paraíba, é famosa pelos utilitários e peças feitas com a fibra da taboa, uma planta típica de regiões úmidas, como os brejos. Herança da influência indígena, essa arte tem produzido uma infinidade de objetos: bolsas, cestas, fruteiras, porta-revista, esteiras, etc. 
CESTARIA
do Vale do Ribeira e litoral, nesta região é muito fácil encontrar fibras e cipós remanescentes da Mata Atlântica, especialmente o timbopeva, o Imbé e a taquara. Com este material são feitos cestos, balaios, entre outros objetos.
Já o artesanato de cobre do vale do Paraíba, era passagem obrigatória para os tropeiros no século 18, por estar localizado entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ao longo dos caminhos formavam-se diversas vilas, que serviam como locais de pousadas para os viajantes. Por essa razão, nessas vilas concentravam-se muitos prestadores de serviço, entre eles os artesãos de cobre. Surgiu aí uma tradição de artesanato de objetos em cobre, tais como tachos, panelas, alambiques e outros utilitários. Devido à complexidade da técnica de manufatura e da concorrência com objetos industrializados, a atividade tem ficado cada vez mais rara.

PANO EM PONTO AJUR
 – Muito popular em São Carlos, a técnica é o encontro de várias técnicas de costura. Visa reunir retalhos de juta com retalhos de tecido, costurados pelo ponto de bordado ajur. Surgida entre os imigrantes italianos, a técnica visava aproveitar os sacos de juta, que serviam para ensacar o café, produto principal de São Carlos (assim como em outras várias cidades paulistas), entre o final do século 19 e começo do 20. Antes disso, os escravos já faziam uso dos sacos de juta para confeccionar suas roupas, arrematando-as com sisal.
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