CULTURA/ARTESANATO – MINAS GERAIS

A CULTURA MINEIRA.
Minas Gerais é um Estado extremamente rico na variedade desses folguedos e mitos. Por sua vez, as manifestações folclóricas em Minas têm suas origens nas tradições, usos e costumes dos colonizadores portugueses, com forte influência das culturas indígena e africana. Essas influências estão guardadas nos objetos de artesanato, na culinária e danças típicas, nas músicas, na linguagem e literatura oral, na medicina popular e nas festas, com manifestações populares tradicionais.
O curupira, o protetor das florestas; Iara, a mãe das águas; o caboclinho d’água no Velho Chico; o saci-pererê, como a mula sem cabeça, povoam o imaginário popular, além das diversas “noivas” que aparecem em Belo Horizonte, como a do Bonfim e mesmo em Juiz de Fora. 
A própria ESTRADA REAL, que ligava Diamantina a Paraty (RJ), recheia a mitologia mineira e seus costumes com a herança dos tropeiros, sobretudo no quesito culinário, além da herança dos garimpeiros e mineradores, devotos de Santa Bárbara.
O congado reúne os grupos de Moçambique, Catopés, Congo, Marujada, Caboclos, Vilão e Candomblé. Escravos trazidos da África buscavam, por meio de rituais, extrapolarem seus sentimentos e o culto da sua fé. 
Pelas igrejas, surgiam novas histórias, que envolviam, sobretudo, Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia, Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora da Aparecida.
FOLIA DE REIS
Ou Reisado Folia de Reis – folguedo que ocorre no período do Natal, de 24 de dezembro a 6 de janeiro, que é o dia dedicado aos Santos Reis. A formação das folias se difere conforme o lugar, mas há sempre um mestre, líder maior, responsável pela cantoria e pela coordenação geral do grupo. Seu auxiliar é o contramestre, que angaria os donativos e o substitui em caso de necessidade. Algumas trazem a figura do embaixador, que pede licença para entrar nas casas, pronuncia as profecias e lembra as palavras escritas pelos profetas a respeito do nascimento de Cristo.
Há os instrumentistas e cantores e algumas trazem os reis, representando os três reis magos.
As Pastorinhas são grupos de moças e meninas, que visitam os presépios das casas, relembrando os pastores em Belém. Vestem-se apropriadamente, dançam e cantam a mensagem em louvor e pedem contribuição para o natal das crianças pobres do local. 
BOI DE REIS (ou Boi de Janeiro, Bumba-Meu-Boi etc.)
É um dos mais típicos folguedos populares e, em alguns casos, participa do Reisado. A variação de nomes decorre das peculiaridades regionais e depende também da variação de elementos que figuram nas apresentações. Sua origem é portuguesa. Em síntese, é uma apresentação da captura (roubo), morte e ressurreição do Boi. O Congado nasceu da fusão destes ritos com a religião católica, imposta à Festa do Divino. Como o nome diz, a festa ocorre na data consagrada ao Divino Espírito Santo. Em Minas, costuma ser chamada também de Festa do Império, porque durante sua realização, é eleito um imperador, que será o festeiro ou o homenageado da próxima festa.

CAVALHADA
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Herança das tradições da Cavalaria Medieval, a cavalhada representa os combates, torneios, lendários e gestas oriundas das guerras travadas entre mouros e cristãos. Geralmente participa dois grupos a cavalo: com os cavaleiros vestidos de azul e vermelho; cada um representando os grupos antagônicos. Realizada ao ar livre, mobiliza muitas pessoas entre reis, rainhas, príncipes e princesas, embaixadores, capitães e tenentes, nobres, damas, cavaleiros e lacaios, todos ricamente vestidos e portando espadas, pistolas e lanças.

MULINHA DE OURO.
Restrito ao vale do Médio São Francisco, este folguedo traz o animal para São João Del Rei, de Minas Gerais, dançando coreografias e danças no meio do povo, como ocorre nos bois.

Dança de São Gonçalo
As moças se vestem de branco, excepcionalmente de rosa ou azul. Cada figurante conduz à mão, um arco de madeira, enfeitado de papel de seda, da cor do vestido. Em certos lugares, um único homem participa da dança e comanda a função, trajado de branco, o qual desempenha o papel de São Gonçalo. 
CAXAMBU. De origem negra, é uma espécie de batuque que parece ter começado ao longo das fazendas de café e que costuma ser chamado de jongo em outros estados. São usados exclusivamente instrumentos de percussão, com participação de homens e mulheres, em pares ou grupos, fazendo evoluções fortes e sensuais. MANEIRO DO PAU Em alguns municípios da Zona da Mata, há esta curiosa dança, também chamada de mineiro-pau, executada por pessoas de diversas idades, cada uma portando um ou dois bastões, que são percutidos, individual ou grupalmente, de forma ritmada de duas, três ou quatro batidas. A quadrilha apresentada, sobretudo, nas festas juninas e julinas e com origens que remontam o country, bem como danças inglesas medievais, de onde passaram para a França, sob o nome de contradance (daí os nomes dos passos, até hoje, serem falados em francês), chegando ao Brasil, via Portugal, já com o nome atual. FESTA JUNINA. O arraial é espaço onde se reúnem todos os festejos do período. É chamado de arraial ou, segundo o modo de falar do homem do campo (o caipira), “arraiá”. Geralmente é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós (bailes), leilões, bingos e os casamentos caipiras. A quadrilha é uma dança de pares, de origem francesa, introduzida no Brasil em 1808, pela corte portuguesa, que se instalou no Rio de Janeiro. A formação tem de 8 a 12 casais. Em geral, é acompanhada por instrumentos típicos da época, como sanfona, triângulo e zabumba. O ritmo alegre foi incorporado pelas populações rurais e hoje é dança obrigatória nas festas juninas. Só que a marcação das suas evoluções, que nos salões era pronunciada em francês, ganhou um sabor bem matuto, como “Caminho da roça” e “Olha a onça”, inspirando-se no dia-a-dia do campo.
A FOGUEIRA E FOGOS Há duas explicações para o uso de fogueiras. Os pagãos acreditavam que elas espantavam os maus espíritos. Os cristãos, por sua vez, as viam como sinal de bom presságio. Prova é a história de Isabel que, na ocasião do nascimento de João Batista, acendeu uma fogueira para avisar a novidade à prima Maria, mãe de Jesus. Por isso, a tradição é acendê-la na hora da Ave Maria (6 horas da tarde). Já os fogos de artifício, eram utilizados na celebração, para “despertar” São João e chamá-lo para as comemorações de seu aniversário.
Os santos da festa Santo Antônio, 13 de junho – Santo Antônio é chamado de Santo Casamenteiro. Muitas pessoas fazem promessas a ele para conseguir se casar. Dizem até que algumas mulheres colocavam a imagem do santo de cabeça para baixo como forma de forçá-lo a arranjar um marido o mais rápido possível. Santo Antônio foi um padre que viveu no século XII e morreu muito jovem. Ele teria ficado famoso ajudando as donzelas a conseguir o dote, bens exigidos para que o casamento fosse realizado.
São João, 24 de junho – São João era filho de Isabel, prima de Maria (mãe de Jesus). De acordo com a Igreja Católica, foi de um milagre em que ela e Zacarias, já com idade avançada, geraram um filho. Quando adulto, São João preparou a vinda de Cristo e batizou-o no rio Jordão.
São Pedro, 29 de junho – São Pedro tem as chaves do céu. Como foi um dos pescadores que se tornou discípulo de Jesus, é o santo padroeiro dos pescadores. Dizem que foi viúvo; então ele é também o santo cultuado pelas viúvas. São Pedro é conhecido como o fundador da Igreja Católica, o primeiro papa. Jesus teria dito “Tu és Pedro (pedra) e sobre esta pedra construirei minha igreja”.
Minas Gerais também são muitas, quando o assunto é música. Sua sonoridade, sua musicalidade, seu ritmo, a começar pelas diversas formas que o mineiro tem para se expressar, nos quatro cantos de seu território, são parte das características mais marcantes deste Estado, que é reconhecido como a síntese da cultura brasileira.
Minas Gerais, Estado privilegiado no quesito música, “exporta” talentos para outros estados brasileiros e para o exterior, sendo uma das principais correntes, conhecida como CLUBE DA ESQUINA, que, é tão significativa para o legado cultural brasileiro como o é a Bossa Nova, além, obviamente, do Samba.

O VELHO CHICO, A POESIA E A MÚSICA

Com esse aspecto da ausência do mar, o Jequitinhonha e o Velho Chico, além das montanhas renderam muito mais do que a poesia, uma sonoridade própria enriquecida por versos cujo conteúdo exalta e externaliza o que há de mais profundo e abissal na cultura mineira, que é o verdadeiro sentido e sentimento da mineiridade.
Em Minas há músicos de várias vertentes, agrupados ou não, a entidades representativas e foi a partir desses agrupamentos, que foi lançada, em agosto de 2008, a entidade “Música Minas – Programa de Estímulo”, que tem como objetivo criar mecanismos e ações sustentáveis para que a música produzida em Minas encontre um lugar expressivo no mercado estadual, nacional e internacional, mostrando sua diversificada e rica produção, escoando seus produtos e formando público para seus artistas.
O Estado de Minas Gerais conta com outros mecanismos de fomento à música, como a “Música Independente”, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), em parceria com a Sociedade Independente da Música, Rádio Inconfidência e Rede Minas. Confira no site www.palaciodasartes.com.br

ORIGEM DA MÚSICA BRASILEIRA
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O primeiro registro histórico referente à música no Brasil, encontra-se expresso na carta de Pero Vaz de Caminha “Diogo Dias, que é homem gracioso e de prazer, que levou consigo um gaiteiro e meteu-se com eles (os indígenas) a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam, e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita.
Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito.” Daí o surgimento da música brasileira deu-se com a contribuição dos indígenas, dos colonizadores e dos negros, que, por sua vez, imprimiu forte caráter na formação do perfil cultural brasileiro – que o digam nossos TAMBORES MINEIROS
O processo de colonização viria associar a música brasileira à matriz europeia, durante muito tempo, até que as novas expressões populares, nascidas da miscelânea étnica fariam com que a música brasileira se tornasse uma das mais expressivas da América. Se no último século ela desabrochou, espalhando sementes no imaginário da população brasileira, em Minas Gerais, estes elementos forjaram-se a outras sementes, mesclando-se ritmos e harmonias, dando origem a uma música única e universal, que é a música mineira. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a música de Minas ecoa para muito além dos limites de nossas serras e montanhas, capaz de encantar, capaz de inspirar novos talentos.
O ARTESANATO DE JEQUITINHONHA.
O artesanato em cerâmica, de origem indígena e desenvolvida especialmente nos vales do Jequitinhonha e São Francisco, é dos mais difundidos da produção mineira. Os ceramistas, geralmente, produzem objetos utilitários ou representativos, como potes, panelas, vasos, cachimbos e imagens. O trabalho em pedra-sabão predomina em Ouro Preto, Congonhas, Mariana e Serro e também se concentra em objetos utilitários ou figurativos. Já o artesanato em madeira é produzido em regiões Imagem dos oratórios de madeiradiversas do Estado, sendo as peças mais comuns as imagens de santos ou personagens históricas. Os bordados, os trançados em talas, bambu e fibras têxteis, os crochês e tricô e o trabalho em couro estão espalhados por várias partes de Minas Gerais. Também não podem ser esquecidas as obras artesanais em funilaria, tecelagem e em prata; as peças em cobre, folha de flandres e outros metais, em Ouro Preto e Viçosa; ou as que são produzidas em estanho (São João Del Rei) e em prata (nas cidades de Tiradentes, Serro e Diamantina).
Durante o século XVIII, os oratórios foram objetos bastante difundidos no País. Curadora da exposição “Oratórios Relíquias do Barroco Brasileiro”, em cartaz no Museu de Artes e Ofícios, a empresária Ângela Gutierrez frisa que eles funcionavam como pequenas capelas, permitindo às pessoas a manifestação da fé em lugares onde às vezes era difícil se deslocar até uma igreja. No passado, eles foram muito úteis especialmente porque o nosso território é muito grande e as pessoas encontravam nos oratórios uma maneira de manter contato com a religiosidade, apesar das distâncias. A partir do século XX, contudo, eles entraram em desuso e foram até desprezados. Mais recentemente é que houve um retorno à apreciação dessas peças no nosso País”, observa Ângela. Oriundo do MUSEU DO ORATÓRIO DE OURO PRETO, o acervo é composto por 115 peças, que, no conjunto, apresentam uma síntese desse segmento no universo da arte sacra desenvolvida aqui.”
São diversas as tipologias. Há desde oratórios de viagem àqueles que têm em sua composição traços da cultura africana. São exibidos alguns pequenos, muito utilizados em quartos até os grandes que eram expostos em salas. Quem não entende muito sobre o assunto vai poder ter uma ideia melhor do que são esses objetos e do seu uso em diferentes momentos de nossa história”, diz a curadora. Antes de aportar em Belo Horizonte, essa exposição foi vista no Centro Cultural de Quito, no Equador; no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro; e também em Tatuí, interior de São Paulo, além de Tiradentes, em Minas Gerais. A itinerância, de acordo com Ângela, é um trabalho frequentemente realizado pelo museu fundado por ela em 1998. Embora menor do que outros projetos, esse cumpre, na visão dela, o papel de oferecer um panorama do tema aos visitantes.
Além de servir como uma introdução para os poucos familiarizados, a mostra também permite aos interessados nessas peças, tecer comparações entre os diferentes estilos ali encontrados.  “O barroco em Minas Gerais, por exemplo, influenciou grande parte da produção realizada aqui. Dessa forma, cada obra de diferentes regiões traz algumas particularidades. Aquelas criadas no litoral são mais coloridas, enquanto outras de cidades mineiras se mostram mais austeras, escuras e fechadas, porém igualmente interessantes”, diz Ângela. http://www.oratorio.com.br/ 

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