A História do Rio Grande do Sul. Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, a região onde está situado o estado do Rio Grande do Sul era habitada por índios guaranis, tapes e charruas. Um dos primeiros registros que faz referência à região data de 1531, quando os navegadores portugueses Martin Afonso de Souza e Pero Lopes, de passagem pela costa (na qual não desembarcaram), batizaram a barra (onde alguns anos depois, foram abertos a passagem para os navios, do oceano para a LAGOA DOS PATOS), com o nome de Rio Grande de São Pedro. Por um grande período, a região foi visitada apenas por aventureiros, em busca de índios para capturar e escravizar. No início do século XVII, a região até então considerada “terra de ninguém”, começou a ser ocupada com a chegada dos padres jesuítas, que fundaram as Missões Jesuíticas pela região onde hoje estão situados os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná e os países, Paraguai e Argentina. As missões jesuítas, nessa região, tinham como principal característica o grande número de índios guaranis convertidos por grupos pequenos de religiosos. Com o objetivo de garantir a alimentação dos índios convertidos, o PADRE JESUÍTA CRISTÓVÃO DE MENDONÇA, introduziu o gado nas missões em 1634. A história do Rio Grande do Sul começa com o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, pelos portugueses com os espanhóis, como mostra a parte esquerda do planisfério português anônimo de 1502, conhecido como “Mapa de Cantino” da Biblioteca Estense de Modernismo. Neste tratado, o continente americano foi dividido em duas partes, ficando a área do Rio Grande do Sul para os espanhóis. A linha imaginaria divisória seria a cidade de Laguna em Santa Catarina. Inicialmente, o Rio Grande de São Pedro, como era chamada a área do atual Rio Grande do Sul, só era visitado por exploradores de pau-brasil, ouro e prata, mas não encontrando estes produtos, o destino era a região da Prata, sendo o Rio Grande do Sul uma simples passagem, quando não retornavam ao lugar de saída. No começo do século XVII, em 1605, jesuítas portugueses começam a ocupação do Rio Grande do Sul, instalando reduções (pequenos povoados) na região do Gravataí. No entanto, sem o apoio dos próprios jesuítas de Salvador e pelos maus tratos dos bandeirantes (paulistas), que buscavam os índios já domesticados para serem escravos, estas povoações não lograram êxito. Nesta época, barcos portugueses já chegavam ao rio Guaíba para negociar produtos europeus com os indígenas. Geralmente, os indígenas davam em troca índios prisioneiros de outras tribos para serem escravos. Em 1626, chegam os padres jesuítas espanhóis, liderados pelo padre Roque Gonzalez de Santa Cruz, vindos da região do Paraná e Paraguai, fugindo da ação dos paulistas (bandeirantes) que aprisionavam os índios já catequizados pelos missionários da Companhia de Jesus, para vendê-los como escravos nas regiões açucareiras, já que os negros escravos trazidos da África estavam sob o poder dos holandeses. Montam 18 reduções. Na zona do “Tape”, na bacia do rio Jacuí, Ijuí, Piratini, Taquari, Ibicuí, Rio Pardo e Guaíba. Os jesuítas ergueram igrejas, catequizaram índios e desenvolveram a criação de gado trazido da Argentina, até 1640, quando os bandeirantes invadem estas povoações, atacando-as e destruindo-as e aprisionando os índios. Os jesuítas abandonam as áreas e os rebanhos de gado, fugindo com os demais índios para a Argentina, na outra margem do rio Uruguai. Os rebanhos de gado, por mais de 40 anos se reproduziram, formando uma gigantesca reserva de gado xucro. Este gado era chamado de “Vacaria del Mar”.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA Também chamada de Guerra dos Farrapos ou Decênio Heroico (1835 – 1845), eclodiu no Rio Grande do Sul e configurou-se, na mais longa revolta brasileira. Duraram 10 anos e foi liderada pela classe dominante gaúcha, formada por fazendeiros de gado, que usou as camadas pobres da população como massa de apoio no processo da história do Rio Grande do Sul. Na revolução farroupilha, o Rio Grande do Sul foi palco das disputas entre portugueses e espanhóis, desde o século XVII. Na ideia dos líderes locais, o fim dos conflitos deveria inspirar o governo central a incentivar o crescimento econômico do Sul, como pagamento às gerações de famílias que se voltaram para a defesa do país desde há muito tempo. Mas não foi isso que ocorreu. A partir de 1821 o governo central passou a impor a cobrança de taxas pesadas sobre os produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc. Em 20 de setembro de 1835, os rebeldes tomam Porto Alegre, obrigando o presidente da província, Fernandes Braga, a fugir para Rio Grande. Bento Gonçalves, que planejou o ataque, empossou no cargo o vice, Marciano Ribeiro. O governo imperial nomeou José de Araújo Ribeiro para o lugar de Fernandes Braga, mas este nome não agradou os farroupilhas (o principal objetivo da revolta era a nomeação de um presidente que defendesse os interesses rio-grandenses), e estes decidiram prorrogar o mandato de Marciano Ribeiro até 9 de dezembro. Araújo Ribeiro, então, decidiu partir para Rio Grande e tomou posse no Conselho Municipal da cidade portuária. Bento Manoel, um dos líderes do 20 de setembro, decidiu apoiá-lo e rompeu com os farroupilhas. Bento Gonçalves então decidiu conciliar. Convidou Araújo Ribeiro a tomar posse em Porto Alegre, mas este recusou. Com a ajuda de Bento Manoel, Araújo conseguiu a adesão de outros líderes militares, como Osório. O governo ordena a transferência das repartições para Rio Grande – este é o sinal da ruptura. Em represália, os farroupilhas prendem em Pelotas o conceituado major Manuel Marques de Souza, levando-o para Porto Alegre e confinando-o no NAVIO-PRISÃO PRESIGANGA, ancorado no Guaíba. Os imperiais passaram a planejar a retomada de Porto Alegre, o que ocorreu em 15 de julho. O tenente Henrique Mosye, preso no 8º BC, em Porto Alegre, subornou a guarda e libertou 30 soldados. Este grupo tomou importantes pontos da cidade e libertou Marques de Souza e outros oficiais presos no Presiganga. Marciano Ribeiro foi preso e em seu lugar foi posto o marechal João de Deus Menna Barreto. Bento Gonçalves tentou reconquistar a cidade duas semanas depois, mas foi batido. Entre 1836 e 1840 Porto Alegre sofreu 1.283 dias de sítio, mas nunca mais os farrapos conseguiriam tomá-la.
Em 9 de setembro de 1836, os farrapos, comandados pelo General Netto, impuseram uma violenta derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados pela grande vitória, os chefes farrapos, em virtude do impasse político em que o conflito havia chegado, decidiram pela proclamação da República Rio-Grandense. O movimento deixava de ter um caráter corretivo e passava ao nível separatista. Com o intuito de aumentar sua área, os portugueses fundam em 1680, a colônia do Sacramento na região do Rio da Prata (Argentina e Uruguai). E começam a abater o gado xucro do Rio Grande do Sul, para extração do couro e exportá-lo à Europa. De maneira desordenada, portugueses, jesuítas, índios e ingleses invadiam os campos para o abate. Só parte da carne era usada para consumo local. O restante apodrecia. A partir de 1682, os jesuítas retornam para o Rio Grande do Sul, fundando os conhecidos SETE POVOS DAS MISSÕES (São Francisco do Borja (1682), São Nicolau (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Luís Gonzaga (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Ângelo Custódio (1706). Outra redução, Jesus-Maria de Los Guenoas não se desenvolveu. Além dos novos rebanhos de gado que iam surgindo nas povoações, a produção de erva-mate era uma grande alternativa econômica para os Sete Povos. Os Sete Povos ganham força econômica e cultural tornando-se uma ameaça às monarquias de Portugal e Espanha. Em 1900, restavam menos de 15.000 indígenas no Rio Grande do Sul. Os “Caigangues” tinham uma população em torno de 10.000 índios. Os descendentes de índios “guaranis” catequizados pelos jesuítas nas Missões dos Sete Povos, possuíam uma população de aproximadamente 1.000 indivíduos. No sul do Estado, os índios pampianos, formados por tribos minuanos e charruas, foram exterminados pelas brigas com os brancos. Hoje, os Caigangues estão distribuídos em vários pontos do Estado. Houve muitas migrações indígenas com a chegada dos imigrantes europeus. Houve mortes de ambos os lados. Em 1910, o governo começa a demarcação de terras indígenas no Rio Grande do Sul. A administração espanhola ordenou que os missioneiros atravessassem novamente o rio Uruguai para fundar, desde 1682, novas reduções no Noroeste dos atuais territórios sulinos. Os Sete Povos da Banda Oriental do rio Uruguai, eram formados pelas reduções de São Miguel, São Nicolau, São Borja, São Luiz Gonzaga, São Lourenço, São João Batista, Santo Ângelo. Com a nova ocupação o controle dos Sete Povos foi estendido sob grande parte dos atuais territórios do Rio Grande do Sul e do Uruguai.
Os gados missioneiros ocuparam os campos abertos e os ervateiros missioneiros exploraram parte das matas da região, no Planalto. Nos pampas, já em 1683, os vaqueiros de São Miguel chegaram até o atual território da cidade de Bagé, próxima da fronteira atual com o Uruguai, de onde se retiraram devido à oposição dos nativos locais. Os Sete Povos possuíam administração própria, permitindo-lhes melhor gestão dos recursos pastoris, agrícolas e ervateiros da região, bem como uma melhor proteção desse flanco do Vice-Reinado do Peru, ameaçado por Sacramento. Contudo, cada missão possuía suas terras, seus gados e administrava-se independentemente. As trocas entre as missões eram muito limitadas, já que os mesmos produtos eram produzidos em cada uma delas, dessa forma não havia interdependência entre os Sete Povos. No início do século 18, os trinta povos das Missões Ocidentais e Orientais do rio Uruguai possuíam cerca de 150 mil habitantes. Os Sete Povos possuíam população de 30 mil missioneiros, onde a maioria era formada por guaranis, ainda que ali vivessem charruas, minuanos e outras comunidades. Uma população considerável. Na época, Portugal apenas ultrapassaria um milhão e meio de habitantes.