OS CENTROS CULTURAIS da Secretaria Municipal de Cultura, são espaços que se propõem produzir e difundir as diferentes formas de expressão artística, como as artes visuais, as artes cênicas, a música, a dança e o cinema. Esses equipamentos realizam e acolhem projetos de artistas reconhecidos e de novos artistas, promovendo uma interação maior entre a produção cultural da cidade do Rio de Janeiro e os cariocas. Os espaços também promovem palestras e oficinas, que atendem a crianças, jovens e adultos e misturam atividades de iniciação e qualificação. Contribuem ainda para fomentar o turismo cultural, apresentando ao visitante do Rio um retrato das expressões artísticas locais e a possibilidade de contato direto com artistas e manifestações da cultura carioca. Além disso, como estão estabelecidos em edificações de valor histórico e arquitetônico, asseguram a preservação da memória e a sustentabilidade do patrimônio da cidade.
TERREIRÃO DO SAMBA.
Palco a céu aberto mais popular do Rio, o simbólico espaço, com capacidade para 16 mil pessoas, passou a ser administrado pela Secretaria Municipal de Cultura em 2017. O objetivo é manter durante todo o ano, e não apenas no Carnaval, uma programação que respeite o samba e os sambistas, além de valorizar toda história e simbologia da Praça Onze.
Telefone: (021) 2088-1955
Endereço: Rua Benedito Hipólito 66, Centro.
Funcionamento: De acordo com a programação de eventos.
Capacidade: 15 mil pessoas.
MEMORIAL MUNICIPAL GETÚLIO VARGAS.
O Memorial Municipal Getúlio Vargas, serve de núcleo para a reflexão política sobre as cinco primeiras décadas do século XX no Brasil. Uma exposição permanente enfatiza a passagem de Getúlio pelo Rio de Janeiro, quando a cidade era capital federal, onde viveu o momento mais importante de sua carreira política. O espaço também conta com uma livraria, um cinema, um café e um auditório com 116 lugares para shows, seminários, festivais de cinema e leitura de peças.
Endereço: Praça Luís de Camões s/nº, subsolo, Glória.
Telefone: (021) 2205-8191
Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 17h.
CIDADE DAS ARTES.
O prédio escultural erguido a dez metros do chão, no coração da Barra da Tijuca, abriga um dos mais importantes e completos espaços para a representação das artes. Aqui, música, teatro, dança, artes plásticas, e outras manifestações artísticas brasileiras e de todos os povos, têm acolhida de excelência, que transformou o lugar em um grande centro de valorização da cultura, com solo fértil para a formação de plateia.
Endereço: Avenida das Américas 5.300, Barra da Tijuca.
Telefone: (021) 3325-0102
Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h (exceto em dias de espetáculo.
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL JOSÉ BONIFÁCIO.
Inaugurado em 1877, por Dom Pedro II, o edifício fazia parte do conjunto de cinco escolas do Imperador, visando a educação da comunidade carente da Região Portuária e dos bairros da Gamboa, Saúde, Santo Cristo e adjacências. O acervo conta com a estátua “A Negra”, do artista francês Mathurin Moreau e foi feita em ferro fundido. Val d’Osne, a obra foi inaugurada pelo Imperador na freguesia no edifício da escola Nossa Senhora da Saúde, no Rio de Janeiro.
Endereço: Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa.
Telefones: (021)92233-7754 -1246592882073321/
Funcionamento: Terça a domingo de 10h às 17h.
CENTRO CULTURAL JOÃO NOGUEIRA (IMPERATOR).
Um espaço completamente dedicado à arte em suas diversas vertentes. Com uma área superior a 7.000 m², divididos em três modernos pavimentos e um terraço, o novo Imperador possui: um teatro com a mais moderna tecnologia de arquibancadas retráteis do país, com capacidade para 642 pessoas sentadas, mais 11 cadeirantes, ou 1060 pessoas em pé; uma cafeteria/bar; três salas de cinema, sendo uma com tecnologia 3D, administradas pelo grupo Kinoplex; uma bomboniére; uma sala de exposições e um terraço verde de 1.200 metros quadrados.
Endereço: Rua Dias da Cruz 170, Méier.
Telefones:(021) 2596-1090 / 2597-3897
Funcionamento: Segunda das 13h às 22h; terça a domingo das 10h às 22h.
CENTRO MUNICIPAL DE ARTE HÉLIO OITICICA.
Instalado no corredor cultural da Praça Tiradentes, centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (CMAHO), é uma referência na difusão da arte contemporânea brasileira. Tem como propósito incentivar a reflexão sobre as artes visuais, estimulando o intercâmbio entre a novíssima produção artística carioca e brasileira e artistas já consagrados. Busca, também, estabelecer um diálogo entre as diversas linguagens artísticas, através de programas interdisciplinares, como exposições, seminários, debates, encontros, cursos e oficinas.
Capacidade: 150 lugares.
Endereço: Rua Luís de Camões 68, Praça Tiradentes, Centro.
Telefones: 2242-1012 / 2232-4213
Funcionamento: Segunda à sábado, das 12h às 18h.
CENTRO DA MÚSICA CARIOCA ARTUR DA TÁVOLA.
Pesquisa e reflexão das manifestações musicais cariocas e experimentação, com apresentações. Registro, catalogação e difusão de acervos da música carioca em suas diversas vertentes e gêneros. É a casa da documentação e do Selo de Música do Rio. Conta com auditório com palco.
Capacidade: 156 lugares (fixos).
Endereço: Rua Conde de Bonfim, 824 -Tijuca.
Telefones: (021)3238-3831 / 3743 / 3880
Funcionamento: Terça e quarta, das 10h às 18h; quinta a sábado das 10h às 22h; domingo das 8h às 19h.
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL PROFESSORA DYLA SYLVIA DE SÁ.
Desenvolve atividades de lazer e de formação cultural diversificadas, com programação versátil para o público em geral. Exposições, música, entretenimento familiar. O espaço conta com um salão multiuso, oferece oficinas de artesanato, dança, teatro, música, atividades como roda de poesia e bailes para todas as idades e eventos associados ao folclore.
Capacidade: 200 lugares
Endereço: Rua Barão 1.180, Praça Seca (Jacarepaguá)
Telefones:(021) 3833-4769 E-mail:
Funcionamento: De segunda a sexta, das 9h às 18h; sábados e feriados, das 9h às 16h.
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL PARQUE DAS RUÍNAS.
O Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, funciona em uma casa restaurada pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Já em sua época, a casa, que pertenceu à mecenas Laurinda Santos Lobo, sediava saraus que atraíam os mais importantes artistas do país e personalidades internacionais. O Parque das Ruínas tem uma intensa frequência de público e atrai turistas de todo o mundo. O equipamento oferece um auditório inclinado de 80 lugares, galeria para exposições, palco externo com dois camarins, extensa área de jardins, terraços panorâmicos e um mirante de 360 graus para a Baía da Guanabara e o Pão de Açúcar.
Endereço: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa.
Telefones:(021) 2215-0621 / 2224-3922.
Funcionamento: Terça a domingo, das 8h às 18h.
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL ODUVALDO VIANNA FILHO (CASTELINHO DO FLAMENGO).
O Centro oferece programação variada, oficinas de criação, exposições, teatro, além de promover debates culturais. Conta com espaço para leituras dramatizadas e pequenas apresentações literomusicais. Auditório (sem palco) com capacidade de 60 lugares (cadeiras).
Endereço: Praia do Flamengo 158, Flamengo.
Telefones: (021)2205-0655 / 2205-0276
Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 20h.
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL LAURINDA SANTOS LOBOS.
Realiza exposições e projeções fotográficas, e oferece oficinas de dança, música, artesanato, apresentações teatrais, atividades infantis, recitais de piano e eventos diversos ao ar livre. Conta com cineclube para adultos e crianças. Capacidade: 40 lugares, mas cabem até 80 cadeiras.
Endereço: Rua Monte Alegre 306, Santa Teresa. Telefones: (021)2215-0618 / 2224-3331
Funcionamento: Terça-feira a domingo, das 10h às 19h.
CENTRO DE ARTES CALOUSTE GULBENKIAN.
O Centro Calouste Gulbenkian foi criado em 11 de março de 1971, na Praça Onze, e recebe o nome de Calouste Gulbenkian em homenagem à instituição cultural portuguesa sediada em Lisboa – Fundação Calouste Gulbenkian. O Centro de Artes Calouste Gulbenkian foi construído em um prédio com uma área interna de 8.800 m² e área externa de 1.733 m ², com 32 salas, com recursos doados por essa Fundação ao governo brasileiro.
Endereço: Rua Benedito Hipólito 125, Praça XI.
Telefones: (021)2224-8300 / 2224-8232
Funcionamento: De segunda a sábado, das 9h às 22h.
CENTRO COREOGRÁFICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Centro de pensamento e pesquisa do movimento corporal em todas as suas vertentes. Contempla registro em vídeo, espetáculos, residências nacionais e internacionais. Capacidade: 150 lugares.
Endereço: Rua José Higino 115, Tijuca (no estacionamento do supermercado Extra)
Telefones: (021) 3238-0357 / 2268-7139 / 3238-0601
Funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 22h.
Um dos mais imponentes e belos prédios do Rio de Janeiro, o THEATRO MUNICIPAL, inaugurado em 14 de julho de 1909, é considerado a principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul. Sua história mistura-se com a trajetória da cultura do País. Ao longo de pouco mais de um século de existência, o Theatro tem recebido os maiores artistas internacionais, assim como os principais nomes brasileiros, da dança, da música e da ópera. A ideia de um teatro nacional com uma companhia artística estatal já existia desde meados do século XIX e teve em João Caetano (1808-1863), entusiasta do teatro brasileiro, além de empresário e ator de grande mérito, um de seus mais contundentes apoiadores. O projeto, no entanto, só começou a ganhar consistência no final daquele século, com o empenho do nosso ilustre dramaturgo Arthur Azevedo (1855-1908). A luta incansável de Azevedo foi travada nas páginas dos jornais e acabou por trazer resultados. Lamentavelmente, no entanto, ele não viveu o suficiente para ver seu sonho concretizado, morrendo nove meses antes da data da inauguração. O Prefeito Pereira Passos – cuja reforma urbana iniciada em 1902 mudou radicalmente o aspecto do Centro do Rio de Janeiro – retomou a ideia e, em 15 de outubro de 1903, abriu uma concorrência pública para a escolha do projeto arquitetônico. Encerrado o prazo de inscrições, em março de 1904, foram recebidas sete propostas. Os dois primeiros colocados ficaram empatados: o projeto denominado “Aquela”, em que o autor “secreto” seria o engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho do prefeito, e o projeto “Isadora”, do arquiteto francês Albert Gilbert, vice-presidente da Associação dos Arquitetos Franceses. O resultado do concurso causou uma forte polêmica na Câmara Municipal, acompanhada pelos principais jornais da época, em torno da verdadeira autoria do projeto “Aquela”, suspeito de ter sido elaborado pela seção de arquitetura da Prefeitura, e do suposto favoritismo de Oliveira Passos. O projeto final foi o resultado da fusão dos dois premiados, uma vez que ambos correspondiam a uma mesma tipologia, inspirada na Ópera de Paris. Após as alterações, o prédio começou a ser erguido em 2 de janeiro de 1905, com a colocação da primeira das 1.180 estacas de madeira de lei sobre as quais está assentado. Em 20 de maio daquele ano, foi disposta a pedra fundamental. Para participar da decoração, foram convocados alguns dos mais ilustres e consagrados artistas da época, como Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernardelli. Também foram recrutados artesãos europeus para a criação dos vitrais e mosaicos. As obras começaram em ritmo acelerado, com 280 operários revezando-se em dois turnos. Em pouco mais de um ano, já era possível visualizar a suntuosidade aliada à elegância e beleza da construção do futuro teatro.
O CARNAVAIS têm sido uma forma de comemoração em massa por séculos, e muitos deles foram feitos pelos gregos em homenagem ao deus do vinho. Os romanos deram continuidade aos festivais em homenagem a Baco e Saturnália, nos quais os homens passavam um dia embriagados na folia, seguindo uma tradição – os mestres e soldados trocavam suas roupas. Mais tarde, a Igreja Católica Romana transformou o Carnaval em uma festa que antecedia a Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma no Calendário Cristão. Diz-se que o Entrudo, um festival português, influenciou o Carnaval carioca.
O primeiro baile de Carnaval do Rio foi em 1840, com os participantes dançando polca e valsa, e o samba foi introduzido em 1917. O termo Carnaval é derivado de “Carne Vale”, significa “Adeus à carne”. De acordo com a Quaresma, esse é um período de 40 dias de abstinência do consumo de carne, álcool e outros prazeres mundanos. Essa prática dos católicos começa na Quarta-Feira de Cinzas, culminando na Páscoa. Os festejos que duram uma semana do Carnaval do Rio são muito famosos, vistos por milhões de pessoas do mundo, destacando os desfiles de escolas de samba no Sambódromo. Doze escolas de samba disputam o título de campeã na Sapucaí, durante quatro dias.
A INFLUÊNCIA DO CARNAVAL AFRICANO.
Os primeiros carnavais na Itália eram geralmente bailes de máscaras com fantasias. A tradição rapidamente se espalhou por outros países europeus, incluindo Portugal, dando início ao Carnaval do Brasil. A forte influência africana no Carnaval advém do fato de os portugueses terem trazido para o Brasil escravos originados da África. Os escravos usavam máscaras e fantasias feitas de penas, ossos, grama e outros elementos pois acreditavam em seu poder de invocar os deuses e afastar maus espíritos. Tudo isso fazia parte dos antigos costumes africanos e daí o uso desses enfeites nas fantasias usadas no atual Carnaval do Rio.
A INTRODUÇÃO DO SAMBA NO BRASIL E O NASCIMENTO DAS ESCOLAS DE SAMBA.
Desde 1917, o samba em forma de música e dança tem sido associado ao carnaval no Brasil. Nasceu no oeste africano e de Angola e foi trazido ao Brasil pelos escravos, que encontravam consolo nesse tipo de música em tempos de sofrimento. Com a abolição da escravatura, muitos desses escravos se estabeleceram em lugares como a Cidade Nova e a Praça Onze, que se tornaram grandes centros de samba. Com a popularidade do samba, compositores, músicos e passistas passaram a se reunir regularmente para exibir seus talentos, formando clubes e associações que competiam uns contra os outros.
Assim surgiram as escolas de samba, com o PRIMEIRO DESFILE OFICIAL EM 1932. Com o crescimento surgiu a Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, que organiza os desfiles das escolas de samba no Carnaval do Rio. A “Deixa Falar” foi a primeira escola de samba em 1928. Desde então, as escolas de samba evoluíram, e o seu crescimento e organização assemelham-se às empresas mais modernas, com grande infraestrutura, que permite a elas a preparação para o Carnaval do Rio todos os anos. Todas as escolas têm um grupo fiel de adeptos e são bem gerenciadas por uma estrutura organizacional definida.
O SAMBÓDROMO – CORAÇÃO DO CARNAVAL DO RIO.
Até 1984, uma das mais antigas ruas do rio, a Avenida Presidente Vargas, era o local onde as escolas de samba desfilavam. Com a crescente popularidade do Carnaval, fez-se necessária a construção de estruturas de concreto em ambos os lados da pista da Rua Marquês de Sapucaí. Projetada por Oscar Niemeyer, a construção foi batizada de SAMBÓDROMO” e tornou-se palco dos desfiles.
Todo ano, milhares de passistas, cantores e músicos das escolas de samba fazem do Carnaval do Rio um espetáculo de carros alegóricos, fantasias e batucadas no Sambódromo. As apresentações são deslumbrantes, e cada escola tem aproximadamente 85 minutos para exibir todo o esforço e trabalho do ano todo.
O domingo e a segunda-feira de Carnaval são considerados os dois dias mais importantes, quando as doze melhores escolas de samba competem pelo título de campeã. Milhares de turistas de todo o mundo reúnem-se no Rio para testemunhar o desfile e festejar no verdadeiro estilo brasileiro. O evento é televisionado por todo o mundo para aqueles que não conseguem vir ao “MAIOR SHOW DA TERRA”.
Os desfiles no Sambódromo são bem organizados, com cada integrante cumprindo seu papel na Avenida. O que faz do Carnaval do Rio de janeiro único é o fato de as escolas apresentarem um tema diferente a cada ano. Além disso, você não encontrará as mesmas fantasias ou encenações, o que faz deste um dos eventos mais divertidos de serem assistidos. A entrada para o Sambódromo é feita com ingressos pagos; no entanto, você pode ter uma prévia grátis nos dias de ensaio, que são realizados nos fins de semana antes do Carnaval do Rio.
A DATA E UMA FÓRMULA ANTIGA.
O Carnaval do Rio dura cinco dias, da sexta-feira até a terça-feira seguinte, conhecida como Terça-Feira Gorda, antes da Quaresma. Para a maioria dos cristãos, a Quaresma é um período para eles refletirem sobre suas vidas e se comunicarem com Deus. O propósito do Carnaval é ter uma última semana de celebrações antes da abstinência de 40 dias, que termina com a Páscoa, o dia em que Cristo ressuscitou. A evolução dos festejos pode não ter sido o que a Igreja idealizou, mas o Carnaval do Rio se tornou a maior festa do planeta, televisionada para o mundo todo. De acordo com o calendário da igreja cristã, as datas do Carnaval mudam todos os anos. A lua determina a data da Páscoa, que geralmente cai entre 22 de março e 25 de abril, e chega-se a ela através de uma fórmula feita pelo Conselho de Nicéa em 325 a.C.
LENDAS DO FOLCLORE.
Por ser um país bastante miscigenado, o Brasil possui uma ampla diversidade que se reflete não só nas características físicas de seu povo, mas também na sua cultura e em suas crenças. A região sudeste, por exemplo, possui lendas onde há influência da cultura africana e da cultura indígena. Além disso, também é possível notar que muitas das lendas têm cunho religioso. Confira a seleção das principais lendas da região sudeste do nosso Brasil:
1. LENDA DA MISSA DOS MORTOS – A lenda da Missa dos Mortos teve origem no início do século XX, por volta do ano 1900, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. No local, havia uma igreja chamada Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima, que era carinhosamente cuidada por um zelador de nome João Leite. Diz-se que, certa vez, João foi acordado a meio da noite por barulhos que vinham da igreja. O zelador se dirigiu ao local temendo se tratar de um assalto. Ao chegar lá, em vez de encontrar ladrões, João Leite se deparou com a celebração de uma missa. Quando o sacerdote levantou o rosto para dizer o Dominus Vobiscum (O Senhor esteja convosco), João reparou que seu rosto, na verdade, era uma caveira. Ao observar melhor os fiéis, viu que também eles, que estavam vestidos com uma espécie de capa com capuz e tinham suas cabeças ligeiramente inclinadas para baixo, eram esqueletos vestidos. Assustado, correu para uma porta que dava para um cemitério. João ficou ainda mais surpreso ao ver que essa porta, que estava sempre trancada, nesta noite estava totalmente aberta.
2. LENDA DO CHIBAMDA – A lenda do Chibamba consiste em um fantasma que assombra crianças, participando de seus pesadelos. Trata-se de uma lenda da África que chegou ao Brasil por intermédio dos nativos. Os africanos costumavam ornamentar o corpo com folhas de bananeira em alguns de seus rituais (pesca, caça, colheita, etc.). Por vezes eram mostrados às crianças como criaturas que viriam atormentá-las sempre que elas não quisessem dormir. Considerado uma variação do Bicho-papão, o Chibamba é também conhecido como “espírito das bananeiras”, pois assim como faziam os africanos em alguns de seus rituais, o Chibamba se veste com folhas da planta. A criatura é conhecida por roncar como um porco, dançar descompassadamente e girar enquanto caminha. Essa lenda era utilizada pelos adultos como forma de educar as crianças a irem para a cama no horário correto, pois elas acabavam por ter medo de que o Chibamba viesse assombrar os seus sonhos.
3. LENDA DA MULA SEM CABEÇA – A lenda da mula sem cabeça é a história de uma mulher que foi amaldiçoada por Deus como punição pelos seus pecados. Há muitas variações sobre o que seriam exatamente esses pecados, mas a teoria que ganhou mais força ao longo dos tempos afirma que a mulher teria tido um relacionamento amoroso com um padre. A maldição transformou a mulher em uma mula que possui um freio de ferro e, que no lugar da cabeça, possui chamas de fogo. A Mula sem cabeça costuma correr pelos campos relinchando muito alto e assustando pessoas que aparecem em seu caminho. Por vezes, ela parece soluçar como um ser humano. Diz-se que o encanto apenas terá fim se alguém tiver a coragem de lhe arrancar tal freio de ferro ou de feri-la a fim de que ela perca um pouco de sangue. A lenda da mula sem cabeça é uma espécie de lição de moral religiosa para mostrar que as mulheres não podem se envolver com os religiosos ou recebem um castigo.
4. LENDA DO BICHO-PAPÃO – O Bicho-papão é um dos personagens do folclore mais conhecidos não só no Brasil, mas também no mundo. Segundo a lenda, ele costuma assustar crianças mal-educadas, desobedientes e mentirosas. Diz-se que o Bicho-papão é uma espécie de monstro que se esconde embaixo da cama, dentro de armários e atrás das portas dos quartos das crianças que se comportam mal para assustá-las ou devorá-las durante a noite. Daí vem a origem do nome “papão”; do verbo “papar”, que significa “comer”. Há também uma versão da lenda que afirma que o personagem fica observando as crianças de cima do telhado da casa delas e entra em ação sempre que verifica um mau comportamento. A história do Bicho-papão costuma ser contada às crianças com intuito educativo. Embora incite algum medo, a intenção é de mostrar à criança que ela precisa ser educada e ter respeito por tudo aquilo que lhe é pedido.
5. LENDA DO CAVALO INVISÍVEL – Na época da Quaresma, período que antecede a Páscoa, os fiéis se preparam para celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, muitas pessoas não acreditam ou não dão importância a essa tradição. Diz-se que o cavalo invisível é uma espécie de recado de Deus para os descrentes, como forma de impor respeito ao sofrimento de seu filho. O cavalo costuma passar galopando de noite, perto da janela do quarto onde dorme a pessoa que não acredita nas tradições da Quaresma (como não comer carne e praticar a caridade, etc.). Ao ouvir o galope do cavalo, muitos já tentaram olhar pela janela, ou mesmo sair rapidamente de casa, a fim de ver o animal. No entanto, ninguém teve sucesso. Dizem que o motivo de ninguém conseguir vê-lo é o fato de ele ser invisível.
LENDA DO CURUPIRA – O Curupira é um jovem de cabelos ruivos ligeiramente compridos, que costuma aparecer montado em um porco selvagem para defender a mata e os animais da floresta onde vive. Há quem diga que ele é, na verdade, um índio. Além dos cabelos avermelhados, uma das principais características do Curupira são seus pés virados para trás. O personagem costuma enganar e confundir as pessoas que tentam fazer mal à floresta e aos animais. Quando tentam encontrá-lo, as pegadas ao contrário acabam por fazer com que as pessoas o procurem em uma direção diferente daquela onde ele realmente está.
Para manter longe todos aqueles que querem danificar a natureza, o Curupira costuma assobiar e uivar como lobo de forma assustadora. Diz-se que os animais da floresta costumam pedir ajuda ao Curupira através de um assobio. Ele prontamente aparece e se preciso for, chega até mesmo a atacar. Acredita-se, inclusive, que o personagem seja responsável pelo desaparecimento daqueles que destroem o meio-ambiente e pelo esquecimento repentino de trilhas e caminhos da floresta por parte de lenhadores e caçadores.
7. LENDA DO LOBISOMEM – Também conhecido como Licantropo, o Lobisomem é um personagem do folclore que durante o dia se assemelha a um homem comum e durante as noites de lua cheia se transforma em uma espécie de lobo. Uma das versões da origem da lenda afirma que como castigo de Deus, um homem foi mordido por um lobo e passou a transformar-se em um ser semelhante nas noites de lua cheia. As pessoas costumam identificar o Lobisomem quando ele está sob a forma humana, por conta de suas grandes olheiras, aspecto cansado e comportamento estranho: o homem que vira Lobisomem costuma desconfiar de tudo e de todos e está sempre muito atento às outras pessoas. Sob a forma de lobo, a criatura tem o hábito de vaguear pela noite em busca de sangue para se alimentar. Diz-se que a prata e o fogo são as duas únicas formas de aniquilar o Lobisomem.
8. LENDA DA AMOROSA – A lenda da Amorosa é uma lenda original do Rio de Janeiro, mais especificamente de Conceição de Macabu, que conta a história de dois índios, Ipojucam e Jandira. Os dois índios apaixonaram-se, ficaram noivos, e na véspera do casamento, Ipojucam ofereceu uma grande caça a Tupã, divindade indígena, para que a cerimônia fosse abençoada. Anhagá, deus da morte que invejava as habilidades de caça do índio, apareceu para ele sob a forma de onça e o desafiou para uma luta. A onça foi fatalmente ferida. Descontente, Anhagá ressuscitou o animal, que foi perseguido por Ipojucam até chegarem perto de uma cachoeira onde estava Jandira. Sob a forma de onça e com a intenção de atingir Ipojucam, Anhagá decidiu atacar a índia, mas acabou mais uma vez derrotado. O sentimento de humilhação de Anhagá fez com que ele se transformasse em uma tromba d’água e arrastasse Jandira e Ipojucam para o fundo da cachoeira, que passou a se chamar Cachoeira da Amorosa. FONTE. Carla Muniz Professora licenciada em Letras