CULTURA/ARTESANATO – RORAIMA

CULTURA.
Em todas as regiões de Roraima a influência da cultura indígena está presente. O rico artesanato traz referências às lendas e tradições desses povos. De norte a sul, podem ser encontradas inscrições rupestres deixadas por povos que viveram ali há milhares de anos. Estas são algumas das razões que fazem de Roraima um pedaço muito especial da Amazônia. Um lugar onde a natureza reserva emoções ao extremo.

FOLCLORE DE RORAIMA.
Podemos situar o folclore como ciência da cultura tradicional, que estuda os aspectos da cultura popular, expresso em crenças, costumes, mitos, lendas, música, poesia, provérbios, enfim, a sabedoria popular e anônima. As manifestações folclóricas habitualmente nascem no seio de uma comunidade ou são oriundas de outras plagas que, circulando no meio do povo, são por este aceita, adaptadas e assimiladas como sua, tornando-se imemoriais. Em termos de cultura folclórica roraimense, não se pode fugir da análise dos elementos formadores básicos indígenas, luso e Nordestino, que deram estrutura aos mitos e lendas, danças, folguedos, crenças, etc.
A cultura portuguesa e nordestina aqui introduzidas pelos colonizadores, desde o século XVIII, especialmente a última, teve grande influência nos costumes, no linguajar e em todas as demais manifestações culturais do povo. De certo modo, o folclore nordestino está presente, com algumas variantes, naturalmente. É válido acrescentar que, embora os nossos usos e costumes sejam o mesmo da Amazônia e semelhantes aos do Nordeste, constata-se, porém, a existência de certas peculiaridades que são próprias da região. Houve época em que as gerações mais antigas de Roraima cultivavam com cuidado as tradições folclóricas, por meio da promoção de festas, cultos populares, saraus e folguedos infantis, que além de serem meio espontâneo para distração, serviam também para manter vivas as tradições da terra.
AS FESTAS RELIGIOSAS
Eram os grandes eventos da época, especialmente as novenas de N.S do Carmo e de São Sebastião e, por consequência, os arraiais muito prestigiados por toda população. No encerramento, um verdadeiro testemunho de fé. O povo inteiro rezando fervorosas preces, acompanhava o andor enfeitado de flores e rodeado de crianças vestidas de anjos. Os pagadores de promessas se apresentavam descalços, maltrapilhos, com potes e pedras sobre a cabeça, com velas acesas, ou trajando as vestes de um santo, geralmente São Sebastião.
Na quadra junina, a pequena cidade tomava um ar festivo. Se ornamentava para homenagear os santos do mês. Eram noites iluminadas por imensas fogueiras, com fogos de artifício cruzando o céu, numa profusão de cores e de luz. Noites de milho verde, de canjica, pé-de-moleque, batata doce e mungunzá. 

ATESANATO DE RORAIMA
.
A capital da diversidade étnica apresenta as várias manifestações culturais nas obras de arte de personagens que expressam o regionalismo e dos grupos sociais que se unem para materializar a criatividade em ícones e artefatos de madeira, tecido, fibras e balata extraída da seringueira.

CULTURA – DANÇA
.
Indo do clássico ao moderno, a dança no Estado ainda traz os grupos folclóricos de boi-bumbá e cirandas. A escola de balé Cristina Rocha, tem formado um bom número de jovens dançarinos, que sempre se apresentam nos palcos da cidade. Na época das festas populares, é vez dos Cangaceiros do Tianguá entrarem em cena, levando uma coreografia recheada de elementos regionais.
A música roraimense percorre uma grande variedade de ritmos e harmonias, já que é fruto da variada raça de povos que aqui vivem. Desta forma, temos desde grupos de cantos indígenas, como é o caso do grupo de canto de índios do município de Uiramutã, assim como temos uma escola de música estadual, disseminando desde a música clássica, até a MPB, além dos festivais de música, que trazem do estado uma verdadeira demonstração do que a arte musical pode proporcionar.
FOLCLORE.
O folclore roraimense é hoje o encontro das tradições trazidas pelos colonizadores nordestinos e de todas as partes do Brasil, com a força das lendas e vivências dos índios, que têm no seu ambiente natural uma perfeita harmonia entre homem e natureza. Festeja-se desta forma, tanto os santos da igreja católica, principalmente no mês de junho, nas festas juninas, como também há na tradição indígena uma forte influência na área de curandeirismo e pajelança.

A
LITERATURA.
Está representada pela Academia Roraimense de Letras, onde está reunida a maior parte dos poetas, historiadores e contistas. Além dos acadêmicos, o Estado tem na pessoa de Eliakin Rufino, um poeta de renome, que também é compositor, tendo suas músicas alcançadas em outras regiões do país.  

O ARTESANATO
INDÍGENA.
É diversificado e seus trabalhos são produzidos com fibras, coquinhos, cerâmica, pedra-sabão, barro, couro, madeira, látex, entre outros. São feitos bichos, colares, pulseiras, brincos, cestarias, potes, etc.

FOLCLORE E A LENDA DE MACUNAÍMA.

O Sol era apaixonado pela Lua, mas nunca se encontravam. Quando o Sol ia se pondo, era hora de a Lua ir nascendo. E assim viveram por milhões e milhões de anos.
Uma enorme montanha, muito alta, repousa no meio dos imensos campos de Roraima. Em cima, um vale de cristais e um lago de águas cristalinas, os quais reservam para si os mistérios da natureza. Um belo dia, o Sol atrasou-se um pouco (eclipse) e o tão ansiado encontro aconteceu. Seus raios dourados refletiram, juntamente com os raios prateados da Lua, no lago misterioso. Nesse encontro, Macunaíma foi fecundado! Macunaíma, curumim esperto, cheio de magias, teve como berço o Monte Roraima. Cresceu forte e tornou-se um índio guerreiro; os índios Macuxi o proclamaram herói de sua tribo. “A bravura desse homem não se mede pelas armas que usou, mede-se pelos feitos que o tempo projetou”. Macunaíma era justiceiro. Havia próximo à montanha, uma árvore diferente, misteriosa. A “Árvore de Todos os Frutos”. Dela nascia, a banana, o abacaxi, o buriti, o tucumã, enfim todas as frutas tropicais. Ninguém podia pegá-las! Somente Macunaíma colhia seus frutos e dividia-os entre todos, igualmente. Mas a ambição tomava conta da tribo. Assim, os índios desobedeceram, mexeram na árvore, arrancando-lhe todos os frutos e quebrando-lhes os galhos para plantarem, pois, queriam mais árvores desse mesmo tipo.
A Árvore Sagrada perdeu a sua magia e Macunaíma ficou furioso! Num gesto de justiça, queimou toda a floresta, petrificou a árvore e, amaldiçoando a todos, ordenou que fossem embora.
Da imensa floresta verde, restaram apenas cinza e carvão. E, até hoje, em frente ao Monte Roraima, está a “Árvore Sagrada”, petrificada. Macunaíma, em espírito, repousa tranquilo, no Monte Roraima.

A origem do nome sobre a lenda do monte Roraima.
A origem da palavra vem da língua indígena Pemon (TAUREPANG), Roroimã, que significa monte verde. Outro sentido atribuído a palavra é serra do caju. Mas o nome do estado de Roraima, segundo os historiadores, é uma referência ao Monte Roraima, uma formação da era pré-cambriana, a 2.875 metros de altitude. Conta uma lenda dos Macuxis, referente ao imponente Monte Roraima, que no passado, não havia ali nenhuma elevação, não se encontrava nenhum planalto. As terras ali eram baixas, alagadiças, próprias para capivaras e aves aquáticas. Nas vizinhanças viviam diversas tribos indígenas, muito mais do que hoje vivem. A vida era paradisíaca. Muita caça, muita pesca muitos frutos. O arco e flecha e sarabatana garantiam a fartura.
Certo dia, porém, sem que os pajés pudessem explicar, nasceu nesse local, uma viçosa PARURU (bananeira), planta nunca vista naquelas paragens. Em pouco tempo aquela árvore cresceu assustadoramente, dando belos e incríveis frutos. Todos ficaram estarrecidos com aquilo, mas um aviso divino aos pajés proibiu que se tocasse na árvore ou nos seus frutos, alegando que se tratava de um ser sagrado. Se essas recomendações fossem desobedecidas, infinitas desgraças aconteceriam. A caça desapareceria, os frutos murchariam e a terra tomaria forma diferente. Ninguém, então, ousava tocá-los. Eles eram sagrados e PAABA (deus) não gostaria de ver sua determinação desrespeitada.
Ao alvorecer de um belo dia, as populações indígenas foram tomadas por indescritível surpresa. Alguém, quem não se sabia o nome, havia cortado criminosamente a bananeira e roubado o cacho precioso, cujas bananas estavam amareladas qual ouro. Em poucos instantes a natureza protestou violentamente.

Os povos indígenas de Roraima.
A partir da década de 30, com os primeiros contatos dos índios YANOMAMI com os não índios, deu-se início à luta do Povo Yanomami contra sua extinção. Com a abertura da perimetral norte, na década de 70, morreram aproximadamente mil índios Yanomami e, no final da década de 80, no garimpo, morreram mais de 02 (dois) mil, de várias doenças, devido ao contato com os Garimpeiros, que iam à busca de ouro na terra indígena Yanomami.

INFLUÊNCIA INDÍGENA 
A influência indígena é muito forte no artesanato roraimense. Raízes, palhas, cipós, buritis e cascas de árvores fazem parte da matéria-prima utilizada para a produção das peças. Índios e artesãos soltam a criatividade e confeccionam um artesanato original, que retrata as nuances da cultura regional.
Os índios desenvolvem sua produção de uma forma exótica. Cada etnia produz peças muito peculiares, através da habilidade manual e do senso estético. O trabalho resulta em peças originais, como brincos, braceletes, colares, além da cerâmica indígena, que se destaca internacionalmente pela beleza e originalidade.
Um dos trabalhos mais procurados é A CESTARIA, em função de sua originalidade. Os artesãos roraimenses também revelam a identidade roraimense em seus mais diversos trabalhos de artesanato. O destaque são as miniaturas produzidas com sementes de árvores e os grandes jarros de barro.
Além de representarem uma parte da cultura e história de Roraima, os artesanatos indígenas também compõem fonte de renda para os índios, que o produzem e, desde setembro de 2015, os artesãos contam com um incentivo: o certificado de origem. O documento atesta a procedência do produto e do fabricante. A iniciativa também proporciona ao artesão a oportunidade de solicitar financiamentos junto a bancos para fomentar a atividade.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *