CULTURA/ARTESANATO – SERGIPE

CULTURA SERGIPANA
Cultura é a capacidade, comum a todos os homens, de atribuir significado à realidade natural ou construída e as ações praticadas pelo próprio homem. Pode-se falar em cultura sergipana como resultante de um processo cumulativo de experiências vividas pelos grupos humanos, que se sucedem e interagem no espaço compreendido entre os rios Real e São Francisco. Nesse território, ao longo do tempo, em continuada interação com as condições do meio, dos projetos coletivos que os grupos humanos colocam para si e das influências recebidas, gera-se uma experiência cultural específica que se revela nas expressões materiais – cidades, casa, industrias –, mas também nas criações imateriais, ou seja, cantos, danças, formas de religiosidade diversas, culinária, artesanato, literatura e demais formas de arte.
A formação da cultura em Sergipe se vincula ao processo mais geral da cultura no Brasil. A sua origem resulta da implantação do projeto colonial português, que reúne nesse território populações deslocadas de outros continentes, como Europa e África.
Culturalmente diferenciados nas suas terras de origem, povos africanos e europeus se espalham, além dos índios, também portadores de culturas diversas. De modo geral, no território sergipano, a herança portuguesa trazida pelos colonos, constitui um lastro sobre o qual se assentavam as influências dos povos africanos e dos povos indígenas. A fusão dessas heranças diversas e a criação de modos de viver adaptados ao novo meio e aos projetos coletivos, fluem ao longo do tempo, moldando os saberes, os fazeres, as expressões artísticas e as celebrações que permeiam a vida dos sergipanos. 
Em muitas dessas manifestações é possível identificar contribuições específicas de negros e índios. Mas, convém lembrar, que essas contribuições não permanecem como formas puras e cristalizadas, como o sentido que tinham nas suas culturas de origem. Inseridas na vida social, elas se mesclam com outras formas culturais e, mais que isso, são reinterpretadas, ganham novas formas e novos significados. A dança de São Gonçalo, por exemplo, é uma expressão cultural de origem lusa, destinada a homenagear um santo português que, segundo a tradição popular, gosta de ser cultuado com danças e cantorias. É muito difundida em várias partes do Brasil e também se faz presente entre as populações rurais sergipanas, constituindo-se uma forma de pagar promessas. Apesar da origem europeia do culto ao santo, na zona do Cotinguiba, onde a presença dos afro-brasileiros foi mais forte, a dança integrante do catolicismo popular, assumiu forma na qual é visível a influência negra. Esta se manifesta na música, na coreografia e nos adereços com que se enfeitam os dançarinos. Em outras localidades do Sertão ou do Agreste, a dança de São Gonçalo, embora tenha sentido religioso, apresenta-se de maneiras diferentes, que não sugerem essa influência. As expressões culturais são dinâmicas, assumindo formas e sentidos que mudam no espaço e no tempo. Conhecer as origens dos bens culturais é importante, mas os seus significados dependem do contexto social em que eles se inscrevem. Fonte. Editora grafset
RENDAS
Entre as peças, há aquelas que se destacam pela beleza e riqueza de detalhes, como é o caso da renda irlandesa, confeccionada no município de Divina Pastora. Além disso, o visitante poderá encontrar verdadeiras preciosidades que demonstram a criatividade do artesão sergipano, capaz de inovar sem que sua obra perca as características típicas. O artesanato de Sergipe ultrapassa fronteiras regionais, abastece lojas sofisticadas de artigos de decoração e fornece rendas e bordados para confecções de grifes famosas.

CERÂMICA
A cerâmica de Santana do São Francisco, antiga Carrapicho, reúne comunidades de artesãos. A principal fonte de renda do município é o artesanato de argila, e sua confecção envolve adultos e crianças. A maior parte da produção é utilitária e constituída de moringas, potes, vasos, panelas e pratos, que são vendidos a granel nas feiras. A Cerâmica figurativa retrata o homem rural e seu modo de vida. Entre os ceramistas, destacam-se, Beto Pezão, natural de Santana de São Francisco, porém residente em Aracaju, e Judite Santeira, do município de Estância.

CESTARIA
Além da renda irlandesa e da cerâmica, a cestarias é outro tipo de artesanato encontrado em Sergipe. A prática veio de herança indígena e africana (como a cerâmica), e utiliza como matéria prima, cipó, taquara, junco, fibra e palha de palmáceas. São confeccionados, entre outros: caçuás, balaios, cestas, bolsas, chapéus e esteiras. Todavia, é no setor de bordados e rendas, que o artesanato sergipano ostenta grande produção.

O BORDADO
É frequente observar em vilarejos e povoados, mulheres sentadas em frente às suas casas bordando. O bordado característico de Sergipe é o rendendê, associado ou não ao ponto de cruz. O rendendê é produzido nos municípios de Própria, Malhada dos Bois, Cedro de São João, Aquidabã, Tobias Barreto e Lagarto. Há bordados de considerável refinamento quanto ao desenho, combinação de cores e acabamento. São produzidas toalhas e caminhos de mesas, colchas, panos de prato, blusas, entre outros. Ainda é possível encontrar no sertão do estado, mais precisamente no município de Poço Redondo, as rendas de bilro, – peças de madeira compostas de uma haste com a extremidade em forma de bola ou fuso -, que recebe o nome de ‘cabeça de bilro’. 
COURO E MADEIRA
O artesanato em couro está ligado à vida sertaneja. Aqui se produz chapéus, apetrechos de montaria, gibão, sandálias, além de cintos e carteiras. Além do couro, a madeira também é utilizada para confecção de utensílios, tais como: colheres de pau e gamelas de todos os tamanhos, tamboretes, apitos de chamar passarinhos e produção figurativa.
No artesanato de madeira, o destaque cabe a Cícero Alves dos Santos, nome de batismo do artista conhecido como “Véio”. O artesão mantém a 8 km da sede do município de Nossa Senhora da Glória, na Rodovia Engenheiro Jorge Neto, um museu a céu aberto. É o ‘Sítio Só arte’, com suas esculturas gigantes, iluminadas pelo sol da caatinga. Escultor intuitivo, “Veio” usa o canivete e o formão para fazer emergir de troncos e galhos retorcidos de mulungu ou jurema, catados na região, totens, carrancas, animais e figuras humanas.  Suas esculturas são despojadas, rústicas e de vigorosa expressividade. Há ainda toda uma produção artesanal, voltada para as brincadeiras de criança, como o mané-gostoso, pião, bonecas de pano, carrinhos de lata ou madeira, panelinhas de barro e outros utensílios de cozinha, miniaturas de mobiliários, além de cavalos e bois, que transportam o mundo dos adultos para o faz-de-conta infantil. As cidades do estado, que se destacam pelo artesanato são: Santana do São Francisco, Simão Dias, Cedro de São João, Aquidabã e Própria. Em Aracaju, o artesanato de todo o Estado pode ser encontrado no Centro de Turismo, no Mercado Central, no Centro de Arte e Cultura da Orla de Atalaia e na feirinha da Praça Tobias Barreto.