A descoberta do continente americano por Cristóvão Colombo em 1492, fez surgir entre Portugal e Espanha, a disputa pelas terras, o que culminou no Tratado de Tordesilhas em 1494, o qual visava dividir o território entre as duas nações. Com a vinda de Pedro Álvares Cabral, teve início a colonização portuguesa ao continente que posteriormente viria ser conhecido como Brasil. Há notícias de que o primeiro português a pisar no que hoje é Mato Grosso do Sul, teria sido ALEIXO GARCIA, por volta de 1524. Ele partira de Santa Catarina, atravessou a Serra de Maracaju, desceu o rio Miranda e, pelo rio Paraguai, chegou à Assunção. Aleixo. Buscava as riquezas das minas do Peru, difundidas em estórias da época. Aleixo Garcia, passou pelo Pantanal (conhecido como mar do Xaraés) e por outras terras de Mato Grosso do Sul. No geral, passou por numerosas bandeiras, em direção ao Norte, ao Peru e ao Paraguai. As regiões do Ivinhema, do Iguatemi e a serra de Maracaju, eram bem conhecidas dos bandeirantes e muito utilizadas em suas rotas fluviais. Com o objetivo de aprisionar índios, Pascoal Moreira Cabral chegou ao território. O dos Coxiponés (atual Cuiabá) em 1718, onde descobriu ouro abundante junto ao rio Coxipó Mirim. Em 8 de abril de 1719 nascia, o arraial de Forquilha, que transformaria mais tarde na cidade de Cuiabá, iniciando-se na região a corrida pelo ouro. Neste mesmo ano, os irmãos Leme, bem armados, com escravos e recursos, seguiram um caminho diferente para Forquilha, atravessando um lugar conhecido como Camapuã. Os quatro homens fizeram uma parada e, em 1719, fundava-se o primeiro núcleo de Mato Grosso do Sul, com a fixação dos primeiros homens brancos – a fazenda Camapuã. Outros povoados começam a nascer no correr dos anos e também fortificações militares, tais como o FORTE COIMBRA em 1775; o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque (atual Ladário) em 1778; o presídio de Miranda, em 1797, às margens do rio Mondego (que passaria a chamar-se, daí em diante, de Miranda). A função era tanto de apoio aos viajantes, que seguia atrás do ouro fácil do Cuiabá, quanto de demarcar e vigiar as fronteiras portuguesas contra os possíveis ataques espanhóis. Tudo ia relativamente bem ao Centro-oeste brasileiro, mas não por muito tempo. Com a morte de seu pai, em 16 de setembro de 1862, o general Francisco Solano Lopez herda o governo Paraguaio e dá largada ao sonho. E assim, no final de 1864, e, mais ferrenhamente, no início de 1865, a capitania do Mato Grosso é invadida pelos soldados de Solano Lopez.
A GUERRA DO PARAGUAI (1864 1869), destruiu cidades como as de Nioaque, Miranda e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, que apenas em 1870, puderam começar a ser reconstruídas. A primeira tentativa de se criar um novo Estado, ocorreu em 1892, por iniciativa de alguns revolucionários liderados pelo coronel João da Silva Barbosa. Em 1932, com a Revolução Constitucionalista, foi criado o Estado de Maracaju, abrangendo quase todo o Sul. Como surgiu o pantanal – A legendária existência de um grande lago ou mar no centro da América do Sul, foi aceita por vários séculos. No mapa feito por Hondius em 1559, o Pantanal é representado como um grande lago – Espana Lacus – cercando um arquipélago. Na edição revisada do mapa de Hondius (1641), o lago ainda está representado, mas sem nome. Esse lago aparecia como nascente dos rios Paraguai, Amazonas e até do São Francisco (Hoechne, 1936). O nome Espana Lacus, deixou de ser empregado após a sua descoberta, por constatarem tratar-se não de um lago, mas, sim uma planície sujeita a enchentes sazonais. Somente a partir do século XX, a região principiou a ser conhecida como Pantanal – termo também impróprio, já que este não é tampouco um pântano. O nome “Mar dos Xaraés” foi mencionado pela primeira vez pelo conquistador espanhol Nuñes Cabeza de Vaca, fundador de Assunção no Paraguai, que em 1543, viajou rio acima até a Lagoa Gaiba. Lá ele deve ter ouvido falar desse “mar” pela tribo indígena dos Xaraés, que habitavam a margem da enorme Lagoa Uberaba, mais ao norte. Cabeza de Vaca, que também criou a lenda das sete cidades douradas de Cibola no Texas, provavelmente não checava bem suas fontes. Em sua defesa pode-se admitir que um lago do tamanho da Uberaba, cuja superfície chega a atingir 400 km2, podia ser facilmente confundido com um “mar interior”. Por dois séculos o PANTANAL e áreas em torno, continuaram sob o domínio de tribos como os Paiaguá, peritos canoeiros; guaicuru, temidos cavaleiros que usavam cavalos roubados dos espanhóis; Guató, os primeiros a habitar as áreas alagadas; bororo e outros. Esses povos indígenas continuaram sendo uma feroz ameaça aos colonos, até o fim do século XIX, aliando-se a um dos dois lados dos brancos – bandeirantes ou espanhóis – até a Guerra do Paraguai (1864-1870). A primeira presença branca na região foi em torno de 1593, com a fundação da missão espanhola de Santiago de Xerez, próxima ao Rio Mboetei – hoje chamado Miranda – no sul do Pantanal, e destruída por bandeirantes vindos da província de São Paulo, presentes no Mato Grosso desde 1622 (Holanda, 1986). No início do século XVIII, Pascoal Moreira Cabral, descobriu ouro em Cuiabá. Em uma rápida sequência, a presente fronteira separando a América portuguesa da espanhola, foi estabelecida e sustentada através de cidades-fortaleza. O garimpo aumentou a ocupação da região, onde hoje se encontra a cidade de Poconé, fundada em 1781. Enquanto as aluviões iam se exaurindo, os colonizadores da região importaram diferentes raças de gado e principiaram a criação extensiva de gado, facilitada pelas pastagens naturais da região. Hoje, 99% do Pantanal divide-se em fazendas particulares, onde 8 milhões de cabeças chegaram a ser criadas simultaneamente, número limitado pela área de terra firme durante as cheias anuais.
A história político-social e econômica remonta, porém, a acontecimentos do fim do século XIX, que deram início às mobilizações e manifestos em favor da divisão do MT, que aconteceria quase um século depois. Quando já era considerado uma causa perdida, o movimento ganhou força com o recrudescimento do regionalismo sul-mato-grossense, mas lideranças políticas à época, asseguram que pesou no desmembramento do uno Mato Grosso a visão militarista sobre a geopolítica brasileira. Para a historiadora Maria Bittar, a conjugação de interesses regionais entrelaçou as condições que possibilitaram a vitória de uma causa considerada perdida. Os interesses da oligarquia agrária sulista, a rivalidade política entre Cuiabá e Campo Grande e a elite da pecuária foram os componentes principais do movimento separatista. CICLOS DA MOBILIZAÇÃO. Por volta do ano de 1889, políticos corumbaenses propuseram, por meio de manifesto público, a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá, iniciando aí o movimento diversionista que, gradativamente, foi se estabelecendo com os debates políticos e manifestações populares. O movimento separatista pode ser dividido em quatro grandes fases que acompanham a evolução histórica do Estado no período republicano. A primeira fase, de 1889-1930, é marcada pela formação das oligarquias sul-mato-grossense, que lutam pelo reconhecimento da posse da terra, fazendo oposição aos privilégios do monopólio da exploração da erva-mate, principal base da economia à época. Inicialmente, o movimento não tem um plano, um programa político definido. Os objetivos diversionistas quase sempre se confundiam com interesses do coronelismo. Percebe-se, neste período, que era uma elite, formada pelos fazendeiros, que defendia a ideia separatista. Posse de Harry Amorim Costa e instalação do Governo de MS. Teatro Glauce Rocha – Campo Grande (1º de janeiro de 1979). A partir de 1920, com a transferência do comando da Circunscrição Militar para Campo Grande e o aumento do contingente militar no Sul de Mato Grosso, as oligarquias sulinas, decepcionadas com as antigas alianças, aliam-se aos militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local.
A segunda fase, de 1930-1945, é o período em que o movimento começa a se organizar. As lutas armadas, gradativamente, são substituídas por pressões políticas, junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossenses, aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. Este confronto armado foi liderado por Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e comandante-geral das tropas rebeldes instaladas no sul de Mato Grosso. Para o Governo Dissidente é nomeado Vespasiano Martins. Essa revolução serviu para divulgar a ideia diversionista e Campo Grande torna-se o centro político de difusão do movimento. Após a promulgação da nova Constituição, com a derrota da tese e dos movimentos diversionistas, Getúlio Vargas adota a política nacionalista “MARCHA PARA O OESTE”, a qual visava, entre outros objetivos, a segurança das fronteiras. Para isso mandou instalar novas unidades militares no sul de Mato Grosso. Em 1943, Getúlio Vargas, em nome da segurança das fronteiras, cria o Território de Ponta Porã, excluindo Campo Grande, a principal cidade diversionista. Nesse período, o sul de Mato Grosso é marcado por grande prosperidade, mas sem poder, contudo, assegurar o equilíbrio das finanças estaduais. A terceira fase, vai de 1945 a 1964. Após a deposição de Getúlio Vargas, o novo presidente da República é o General Eurico Gaspar Dutra, que era mato-grossense de Cuiabá. Ele adota uma política de redemocratização do país, a qual reforça a política de integração nacional, que incentiva a manutenção da unidade estadual. Em 1946, após a promulgação da Constituição, o Governo Federal extingue o Território de Ponta Porã, reintegrando a região ao Estado de Mato Grosso. Apesar dessa política, os diversionistas, durante as reuniões da Assembleia Constituinte, reorganizam-se e tentam a transferência da capital de Cuiabá para Campo Grande. As iniciativas separatistas desse período são frustradas, em parte, devido à grande representatividade política dos sul-mato-grossenses nas esferas estadual e federal, e também, por causa da política de integração nacional do Governo Federal. A quarta fase, é de 1964-1977. O golpe de 31 de março de 1964, põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Os militares, buscando um maior controle dos problemas da sociedade, adotam a política do desenvolvimento com segurança, o que permitiu a criação de programas que facilitam o desenvolvimento de alguns Estados, entre eles Mato Grosso. Nesse período, os políticos diversionistas aproximam-se dos militares, o que lhes permite tomar parte de algumas comissões que estudam (secretamente) as potencialidades políticas que impediam a divisão de Mato Grosso. A decisão de desmembrar Mato Grosso e criar Mato Grosso do Sul. foi tomada em abril de 1977, pelo terceiro presidente do regime militar, Ernesto Geisel, seis meses antes da assinatura da Lei Complementar nº 31, em 11 de outubro. A divisão efetivamente aconteceu em janeiro de 1979, com a instalação do governo do novo Estado.