RA I – PLANO PILOTO

A HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA CAPITAL FEDERAL DA ÉPOCA DO BRASIL COLÔNIA
Já havia a ideia de levar a capital do país para a região central, visando, estrategicamente, evitar ataques de guerra pelo mar. Mas a possibilidade só começou a ganhar força no Império. Em 1823, José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como “Patriarca da Independência”, reforçou a proposta de levar a sede das decisões brasileiras para o interior do território e sugeriu pela primeira vez o nome “Brasília“.
Em 1883, o sacerdote católico italiano Dom Bosco sonhou que visitava a América do Sul e, em seu relato, publicado no livro “Memórias Biográficas de São João Bosco”, relatou o que viu. Entre os graus 15 e 20, havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente.  Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível. A visão acabou sendo interpretada como uma premonição do local em que deveria ser construída a nova capital do Brasil.
Mas ela só começou mesmo a ser viabilizada, no ano de 1891, quando a determinação de sua área foi incluída na primeira Constituição da República brasileira. No ano seguinte, um grupo de cientistas foi enviado para explorar o Planalto Central e demarcar a área. Chefiada por Louis Ferdinand Cruls, a expedição ficou conhecida como “Missão Cruls”. Médicos, geólogos e botânicos compunham a equipe que fez um levantamento sobre a topografia, o clima, a geologia, a flora, a fauna e os recursos materiais da região. A área que então ficou conhecida como Quadrilátero Cruls, foi a primeira versão do “quadradinho”, como todo brasiliense chama o mapa da cidade.

A PEDRA FUNDAMENTAL

No novo centro do poder brasileiro, foi lançada em 1922, no centenário da Independência, próximo a Planaltina, atual região administrativa do DF, a Pedra Fundamental. Em 1956, com nova demarcação da futura capital, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, deu início de fato à realização do projeto, que durou séculos. Na mesma área das coordenadas que Dom Bosco apontou e às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser erguida.

O conceito 
Para organizar a logística da obra, foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), que lançou no mesmo ano o “Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil” com o objetivo de selecionar projetos urbanísticos para a construção da cidade. Dentre dezenas de propostas, a vencedora foi a do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, escolhida justamente pela simplicidade: a ideia foi entregue em uma folha branca e desenhada a lápis, onde partiu-se um traçado de dois eixos, cruzando-se em ângulo reto, como o sinal da cruz. Uma dessas linhas, o Eixo Rodoviário, tinha o traço levemente inclinado, o que dava à cruz a forma de um avião. Ele seria a via que leva às áreas residenciais, que hoje são a Asa Sul e Asa Norte. A outra linha, que representa o Eixo Monumental, abrigaria os prédios públicos e o palácio do Governo Federal no lado leste; a Rodoviária e a Torre de TV no centro, e os prédios do governo local no lado oeste.
LÚCIO COSTA não só desenhou os traços que definiram a capital do país, como também previu o que seria a alma de Brasília, assim como afirmou no livro “Memória descritiva do Plano Piloto”: Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país.
Com o projeto urbanístico aprovado, Juscelino escolheu Oscar Niemeyer como o arquiteto responsável pela construção dos monumentos. O carioca foi autor das principais estruturas da cidade: o Congresso Nacional, os Palácios da Alvorada e do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília. Além da dupla Oscar e Lúcio, completavam o time que fez desta cidade um museu a céu aberto, figuras inspiradas como Burle Marx, com jardins e praças, e Athos Bulcão, com os painéis de azulejos que são marca registrada da capital.
Em 21 de abril de 1960, Brasília nascia para o mundo e para a sua gente. Com os projetos urbanísticos de Lúcio Costa e os arquitetônicos de Oscar Niemeyer, surgia uma cidade sob formas inovadoras, diferente de tudo já feito até então. A data de seu nascimento, não foi coincidência: marcava o dia da morte de Tiradentes, um dos líderes mineiros que defendeu a independência do Brasil no século XVIII. O simbolismo ajudou a fortalecer em Brasília o ideal de liberdade de um povo e a coragem de uma nação, associando a inauguração à ideia de independência e rendendo homenagem aos inconfidentes que haviam sonhado com um Brasil livre.
Conforme a construção de Brasília seguia em frente, foram surgindo pequenos acampamentos ao redor do Plano Piloto, para abrigar os trabalhadores que vieram para construir a nova capital. O primeiro acampamento foi o que ficou chamado de Cidade Livre, onde hoje temos a Região Administrativa (RA), do Núcleo Bandeirante. Os demais agrupamentos, mais tarde, tornaram-se inicialmente as cidades satélites, que são regiões administrativas que compõem o Distrito Federal. Brasília não tem municípios, mas sim, cidades satélites.

A consagração  
Não são só os monumentos que fazem visitantes e turistas se renderam à grandeza da capital. Graças ao território plano e à ausência de grandes construções verticais, o céu de Brasília acabou conhecido como um dos mais bonitos do país, que, para muitos, praticamente substitui o mar, ao emoldurar as construções de traços modernos e os largos espaços verdes que completam a paisagem. Por conta desse conjunto de beleza e da importância arquitetônica, Brasília recebeu em 1987 o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco. Foi o primeiro bem cultural contemporâneo a entrar nessa lista, figurando no mesmo patamar de importância das Pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, a Acrópole de Atenas, o Centro Histórico de Roma e o Palácio de Versalhes.
A forma de como Brasília foi povoada  tornou-a plural, miscigenada e sincrética, representando a identidade de todo o Brasil. Na busca por dias e futuros melhores, milhares de brasileiros de diversos cantos do país, em especial do Nordeste e de Minas, vieram para construir a capital e buscar uma vida nova. Eles ficaram conhecidos como candangos. Os pioneiros, que fixaram  moradia na cidade entre 1960 e 1965, ainda guardam histórias e casos daquela época.

A CIDADE DE BRASÍLIA (fundada em 21 de abril de 1960)
A sessenta anos atrás, existiu um sonho que hoje virou realidade e a promessa se cumpre: além de centro administrativo e político do país, Brasília transformou-se também em sede multicultural do Brasil, um lugar onde todos os sotaques, sabores e religiões se misturam e convivem em harmonia. A cidade planejada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer é cheia de peculiaridades, a começar pelos endereços: as ruas não têm nomes, as localizações são feitas por números e letras; as tesourinhas – retornos em formato de trevo -, eliminam a necessidade de semáforos e tornam o trajeto de casa para o trabalho mais ágil. Setores específicos dividem os espaços reservados ao comércio e às residências.
Há ainda as zonas exclusivas para hospitais e escolas. Dois traçados principais destacam-se na paisagem: o Eixo Monumental, de oeste a leste, e o Eixo Rodoviário-Residencial, de norte a sul. Ao longo do Eixo Monumental estão os pontos turísticos, os equipamentos culturais e os monumentos. Em um breve tour é possível passar pelo Setor Militar Urbano – ampla área urbana reservada a servidores militares –, onde as casas e o Quartel General do Exército se confundem com o paisagismo de Burle Marx. Entre as vias N1 e S1 está a Praça do Cruzeiro, onde foi celebrada a primeira missa da cidade, o Memorial JK, o Memorial dos Povos Indígenas e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Na região central, onde está a Rodoviária do Plano Piloto, o Eixo monumental  cruza-se com o Eixo Rodoviário-Residencial, que distribui ao sul e ao norte quadras residenciais, além dos setores bancário, comercial, de diversões, hoteleiro, médico-hospitalar e de rádio e televisão.
Uma outra peculiaridade: os edifícios residenciais localizados ao longo das duas Asas, Sul e Norte, não podem ter mais do que seis andares. Os prédios comerciais podem ter alturas variadas, desde que não excedam 65 metros.
Compõem o Plano piloto: Asa Norte, Asa Sul, Setor Militar Urbano, Setor de Garagens e Oficinas, Setor de Indústrias Gráficas, Área de Camping, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor de Embaixadas Sul e Norte, Vila Planalto, Granja do Torto, Vila Telebrasília, Setor de Áreas Isoladas Norte, bem como as sedes dos Três Poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário.
A rigidez urbanística tem razão de ser, cidade monumento – Brasília é tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 1987, como Patrimônio Cultural da Humanidade. As formas modernistas imprimem à capital personalidade exclusiva, onde a paisagem natural se integra perfeitamente à arquitetura.

2 Replies to “RA I – PLANO PILOTO”

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