CULTURA/ARTESANATO – CEARÁ

A CULTURA DO CEARÁ é diversificada e com muitas características marcantes, assim como em todo o sertão nordestino, é de base essencialmente ibérica com influências indígenas e africanas como a “Prainha”. É uma comunidade de aproximadamente 10 mil habitantes que pertence ao Município de Aquiraz. Historicamente, a principal atividade econômica da Prainha era a pesca artesanal. Juntamente com ela desenvolveu-se entre as mulheres há muitas gerações, a produção de RENDA DE BILROS.
Viviam praticamente do sustento que a natureza oferecia. A “Prainha” de antigamente era diferente da atual. As diferenças relatadas são quase sempre atribuídas à chegada dos turistas, – os responsáveis pelas construções à beira da praia, pelo “crescimento” e diversificação de atividades e pelas mudanças de hábitos de “um povo simples”.
Por um lado, os moradores tinham receio da chegada de novos moradores e turistas (principalmente italianos), que compravam muitas terras, mas por outro lado ofereciam a possibilidade de adquirir as rendas fabricadas pelas mulheres da comunidade e o peixe dos pescadores. A renda é comumente encontrada no litoral e é vendida por mulheres de pescadores e outras artesãs em suas casas, na beira da praia, em feiras de artesanato e outros locais públicos.
Tecendo a história, a arte de fazer renda, foi introduzida no Ceará por mulheres de colonos portugueses, no século XVII. Naquela época, fazer renda era uma atividade comum em Portugal e em outros países europeus. No século XVIII, a renda do Ceará se tornou conhecida na Europa, quando os viajantes que visitavam o Brasil começaram a levar na bagagem delicadas toalhas de mesa, lençóis, blusas e outras peças feitas pelas rendeiras. Até hoje, tanto em Portugal como no Ceará, a produção artesanal de renda é um trabalho basicamente feminino. Essa arte, que garante a sobrevivência de muitas famílias, pode ser encontrada em várias cidades e locais pelo Ceará, onde as pessoas podem admirar o trabalho com os bilros e comprar suas peças. 
Centro das rendeiras em Aquiraz. DE MÃE PARA FILHA.
O trabalho das rendeiras é uma atividade tradicional e muito antiga, realizada principalmente por mulheres. Esse conhecimento chegou até nossos dias porque as mães ensinaram às filhas a técnica e a arte de fazer renda. Em algumas cidades do litoral, é comum encontrar rendeiras vendendo sua produção, que ainda hoje é uma atividade econômica importante para o povo cearense.
Também chamada renda da terra, a renda de bilro tem origem portuguesa. É feita com uma almofada e bilros, espécie de fusos. Ao movimentar os bilros, a artesã vai compondo uma trama delicada, que resulta num dos mais bonitos tipos de artesanato do Ceará.
RENDA FILÉ.
O filé é uma outra técnica mista, com influência de índios e europeus, em que o artesão compõe sua peça com desenhos próprios, tecendo inicialmente a “malha” trançada com fio de algodão cru ou linha, que é colocada na grade para, em seguida, ser trabalhada com agulha e linha a fim de transformá-la em peças como panos de bandeja, toalhas de mesa, cortinas, roupas, entre outros. A renda é uma entre muitas heranças culturais do Ceará.
A CATEDRAL METROPOLITANA DE FORTALEZA
é um dos principais símbolos do catolicismo na cidade. Localizada no Centro, se destaca por sua imponência arquitetônica, com seus belos vitrais e seu estilo eclético com predominância de elementos góticos romanos, projeto do francês Georges Mounier. A sua construção demandou tempo e história. Devido à uma forte rachadura na base da estrutura, a antiga Sé teve que ser demolida em 1938, gerando muita polêmica sobre a construção e a localização de uma nova Sé. Porém, em 15 de agosto de 1939, foi implantada a pedra fundamental da Catedral.
A construção, mesmo com opiniões contrárias, obteve empenho e ajuda financeira de diversos segmentos da sociedade. Todo o clero, governantes, empresários e o povo, tiveram a sua participação no processo. Foram formadas comissões com o objetivo de angariar fundos que permitisse a realização. Após mais de 40 anos de trabalhos, era inaugurada em 22 de dezembro de 1978, a Catedral Metropolitana de Fortaleza, sob os cuidados do então arcebispo, o Cardial D. Aluísio Loscheider.
Como é comum em grandes catedrais, a cripta da Catedral foi inaugurada em 1962. A “Cripta dos Adolescentes”, assim denominada por Dom Antônio de Almeida Lustosa, era uma homenagem aos santos que morreram na adolescência. Tarcísio, Domingo Sávio, Pancrácio, Luiza, Inês e Gorete. A catedral metropolitana é uma das maiores do País, com capacidade para 5 mil pessoas. Suas torres medem cerca de 75 metros de altura. Sua beleza e tamanho, são símbolos da sua grandiosidade, atraindo milhares de fiéis. Celebrações, grupos de orações e confissões, fazem parte da rotina do maior símbolo do catolicismo de Fortaleza. O Centro De Formação Santa Rosa Do Viterbo, e a sua capela promovem um acolhimento espiritual e histórico à comunidade. A cruz inclinada é um atrativo curioso que leva os fiéis à igreja. Encoberta pelo movimento e agitação do Centro da cidade, uma instituição católica, dotada de uma beleza histórica, resiste à ação do tempo servindo à comunidade.
O CENTRO DE FORMAÇÃO SANTA ROSA DO VITERBO 
Agrega a Capela do Sagrado Coração de Jesus e busca, na simplicidade e austeridade, princípios que mantêm a instituição perto de um público mais tradicional. Localizadas na Av. da Universidade, no número 1896, a casa de Santa Rosa e a capela podem até não ser reconhecidas pelos seus nomes, mas são velhas conhecidas de quem trafega por esse lado da cidade, principalmente por um detalhe: uma cruz “deitada” colocada no alto da igreja.
A simbologia da cruz inclinada e não no sentido vertical, como é de costume católico, é explicado pela irmã Angelita: “Quando Jesus carregou a cruz em seu ombro, ela não estava em pé, mas deitada. Isso quer dizer que nós estamos aqui para acolher e ensinar as pessoas a carregarem sua própria cruz”.
A celebração tradicional às 6h15 da manhã de segunda a sábado acolhe os moradores do Centro. A edificação não ostenta luxo, mas tem em suas riquezas vitrais italianos, luminárias em forma de lírios e uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, que acolhe os fiéis no centro do altar da capela. Segundo uma das moradoras da casa, irmã Vitrícia Maria, em 1953 a capela ainda estava sendo construída, portanto, tem mais de meio século de vida ininterrupta. 
As Irmãs Missionárias Capuchinhas, – congregação à qual as irmãs da Casa Santa Rosa do Viterbo pertencem -, chegaram ao Ceará ainda no início do século XX, mais precisamente em 1904, no município de Canindé. Elas receberam da família do ex-governador Gonzaga Mota, o palacete onde hoje funciona a casa de acolhimento e passagem Santa Rosa do Viterbo, e o terreno ao lado, que deu origem à Capela.
Origem do Reisado no Brasil – no Ceará, Fortaleza e em alguma parte do mundo como Espanha e outras partes da Península Ibérica Luís da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro, diz que Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e dançam na véspera e Dia de Reis. O REISADO chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses, que ainda conservam a tradição em suas pequenas aldeias, celebrando o nascimento do Menino Jesus. Em Portugal é conhecido como Reisada ou Reseiros.
No Brasil é uma espécie de revista popular, recheada de histórias folclóricas, mas sua essência continua a mesma, com uma mistura de temas sacros e profanos. O Reisado é formado por um grupo de músicos, cantores e dançarinos que percorrem as ruas das cidades e até propriedades rurais, de porta em porta, anunciando a chegada do Messias, pedindo prendas e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam.
A denominação de Reisado persiste ainda na maioria dos estados do Nordeste. Em diversas outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-meu-boi, Boi de Reis, BOI-BUMBÁ ou simplesmente, Boi. Em São Paulo, Goiás e Minas Gerais é conhecido como Folia de Reis, onde a festa é composta de apresentações de grupos de músicos e cantores, todos com roupas coloridas, entoando versos sobre o nascimento de Jesus Cristo, liderados por um mestre.
A música no Reisado está sempre presente. O Mestre é o solista, sendo respondido pelo coro a duas vozes. Os instrumentos utilizados alternadamente são: a sanfona, o tambor, a zabumba, a viola, a rebeca ou violão, o ganzá, pandeiros, pífanos e os *maracás* – chocalhos feitos de lata, enfeitados com fitas coloridas.
Há uma grande variedade de passos nas danças do Reisado, entre os quais pode-se destacar: do Ginga, onde os figurantes de cócoras se balançam e gingam; da Maquila, um pulo pequeno com as pernas cruzadas e balanços alternados do corpo para os lados, passo também exibido pelos caboclinhos; Corrupio, movimento de pião com o calcanhar esquerdo; encruzado, cruzando-se as pernas ora a direita à frente da esquerda, ora ao contrário.
Tem como personagens principais o Mestre, o Rei e a Rainha, o Contramestre, o Mateus, a Catirina, figuras e moleques. O Mestre é o regente do espetáculo. Utilizando apitos, gestos e ordens, comanda a entrada e saída de peças e o andamento das execuções musicais. Usa um chapéu forrado de cetim, de aba dobrada na testa (como o dos cangaceiros), adornado com muitos espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais, de onde pendem fitas compridas de várias cores; saiote de cetim ou cetineta de cores vivas, até a altura dos joelhos, enfeitado com gregas e galões, tendo por baixo saia branca, com babados; blusa, peitoral e capa. O traje do Rei deve ser mais bonito e enfeitado. Veste saiote ou calção e blusa de mangas compridas de cores iguais, peitoral, manto de cores diferentes em tecido brilhante (cetim ou laquê); calça sapato tênis (tipo conga), meiões coloridos e na cabeça uma coroa feita nos moldes das dos reis ocidentais, semelhante à das outras figuras, porém encimada por uma cruz; levam nas mãos uma espada e, às vezes, também um cetro.
Durante o cortejo, os Reis vêm na frente, logo atrás do Mestre e do Contramestre. A Rainha é representada por uma menina, com vestido *de festa*, branco ou rosa, uma coroa na cabeça e um ramalhete de flores nas mãos. O Contramestre é o responsável pelo Reisado na ausência do Mestre. Seu traje é semelhante ao daquele, só que menos pomposo.
FORTALEZA E O ARTESANATO.
Redes, renda de bilro, labirinto, files, bordados e crochês manufaturas em fibra de algodão, herança da colonização portuguesa, estão entre as mais expressivas manifestações do apreciado artesanato cearense. Cestarias, bolsas, chapéus em palha de carnaúba e produtos de couro, argila, cipó e madeira também se destacam. Toda esta diversidade, o turista encontra no Centro de Turismo, antiga Cadeia Pública, na Feirinha da Beira Mar, no Mercado Central, na Avenida Monsenhor Tabosa e nas Lojas da Central de Artesanato do Ceará-CEART.
SERRAS DE ARATANHA E BATURITÉ.

O artesanato da região destaca-se com peças indígenas em madeira, cipó, palha de bananeira, mineral, joias semipreciosas, bordados e crochês vendidos em feiras e lojinhas, na subida da serra. Também são comercializadas as tradicionais cachaças, os licores e os doces caseiros, todos feitos de forma artesanal.
NO CENTRO DE GUARAMIRANGA, o visitante encontra uma Loja da CEART onde são comercializados todos os tipos de artesanato. Canindé também possui boas trilhas para os aventureiros na Serra do Tamanduá e no Serrote Amargoso.
CARIRI.
O intenso comércio é característica marcante da região. No Cariri, o visitante encontra produtos para todos os gostos, dos artesanais aos industrializados, que chegam até aos artigos em ouro. Toda esta variedade pode ser encontrada em locais como o Centro da Cultura Popular Mestre Noza, Mercado Central e Associação dos Artesões Mães das Dores. Em Nova Olinda, o Ateliê “Arte em Couro do senhor Expedito”, mestre do couro, inspira a sua arte na história do cangaço. Na “Loja de Artesanato em Pedra”, o turista encontra réplicas dos fósseis existentes na região. 
IBIAPABA.
Da palha são feitos vários produtos como, Redes, Chapéus, Bolsas, Bandejas, Tapetes, etc. Também existem os trabalhos manuais de estilos nórdicos, principalmente bordados, tecelagem e objetos de decoração em madeira. O que também impressiona, são os trabalhos de modelagem do barro, onde se fabricam peças conhecidas nacional e internacionalmente.
No Centro de Produção Artesanal do Tope, em Viçosa do Ceará, o talento vai além de moldar o barro e, a partir dele, confeccionar jarros, fruteiras, travessas panelas, cestas, potes, galinhas e cofres porquinhos.
JERICOACOARA.
O artesanato do Litoral Oeste, como em todo o Ceará, é rico e diversificado. Nessa região, o turista pode adquirir belas peças em renda, palha de carnaúba, couro e cerâmica, além de redes e bordados. Muitas localidades trabalham com crochê, produzindo peças como saídas de praia, vestidos, blusas e saias, vendidos em lojinhas nas sedes das vilas e, muitas vezes, também oferecidos nas barracas de praia à beira-mar.
CANOA QUEBRADA ARTESANATO.
São um dos grandes atrativos da região, principalmente com a renda de bilro em Aquiraz, a cerâmica e o cipó em Cascavel, as famosas garrafas de areia colorida em Beberibe e com a palha e o labirinto no Aracati. Em Canoa Quebrada, encontra-se de tudo um pouco, ficando o destaque para as peças em bijuterias e quadros retratando a beleza do lugar.